A operação Cianose, da Polícia Federal, trouxe, mais uma vez, a atenção à compra frustrada de respiradores pelo Consórcio Nordeste à empresa Hempcare, em prejuízo de aproximadamente R$ 48 milhões aos nove estados que compõem o grupo, incluindo o Rio Grande do Norte, que desembolsou quase R$ 5 milhões e não recebeu os equipamentos. Enquanto o Consórcio Nordeste volta a negar irregularidades, o deputado estadual Kelps Lima (Solidariedade), que presidiu a CPI da Covid no Rio Grande do Norte, afirma que ainda há muito por vir com relação à investigação.
Logo após a operação da Polícia Federal ir às ruas, com mandados cumpridos em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Distrito Federal, o deputado Kelps Lima foi às redes sociais garantir que a CPI realizada na Assembleia Legislativa teve resultados práticos.
“Isso é pra quem disse que a CPI da Assembleia ia dar em pizza. E acho que ainda vem mais coisa…”, postou Kelps Lima.
No relatório aprovado pela comissão, gestores públicos e empresários foram indiciados por supostas irregularidades na compra dos respiradores. O material foi encaminhado aos órgãos de controle e também ao Superior Tribunal de Justiça, que autorizou a realização da operação por parte da Polícia Federal.
Um dos alvos foi o ex-secretário do Gabinete Civil da Bahia Bruno Dauster, investigado pela operação Ragnarok, que teve como alvo também a compra fraudulenta de respiradores. Em nota, Bruno Dauster, que ficou em silêncio no depoimento à CPI da Assembleia, disse que não entendia o motivo da busca em sua casa, que considerou extemporânea.
“No dia de hoje fui surpreendido com uma medida de busca e apreensão absolutamente extemporânea e desnecessária. Esclareço que acerca dos fatos objeto de investigação já prestei, de forma espontânea, dois depoimentos, sendo um perante a polícia civil e outro perante a polícia federal, bem como sempre me coloquei à disposição para auxiliar no esclarecimento dos fatos. Reafirmo que, ao longo de toda minha vida profissional, sempre agi de forma lícita, com absoluta transparência e rigor ético. Minha atuação no caso objeto de investigação foi exclusivamente para que pudéssemos ter ventiladores para as UTIs dos nossos hospitais durante a grave crise da Pandemia, no momento em que a carência deste equipamento se dava em uma escala global nunca antes imaginada. É inaceitável qualquer tentativa de fraude ou golpe contra o Estado, ainda mais num período de pandemia, quando havia uma urgência absoluta para poder salvar vidas. Espero que os fatos sejam esclarecidos o mais rapidamente possível e que sejam caladas as vozes que tentam deturpar a minha atuação”, disse Bruno Dauster, que não tinha nenhum cargo no Consórcio Nordeste no momento da aquisição dos respiradores, mas o presidente do grupo era governador da Bahia, Rui Costa.
Também sobre a operação desta terça-feira (26), o Consórcio Nordeste se manifestou e disse que foi vítima de um golpe aplicado pela empresa Hempcare e que, devido a isso, acionou a Polícia.
“Em decorrência da Operação Cianose, realizada pela Polícia Federal nesta terça-feira, 26/04/2022, informamos que a aquisição conjunta de ventiladores pulmonares pelo Consórcio Nordeste foi realizada logo no início da pandemia, tendo como fundamento o art. 4º da Lei n º 13.979/2020, em processo administrativo que observou todos os requisitos legais. No entanto, o Consórcio foi vítima de uma fraude por parte de empresários que receberam o pagamento e não entregaram os aparelhos, fato que foi imediatamente denunciado pelo próprio Consórcio Nordeste às autoridades policiais e ao judiciário, através de ação judicial que resultou na prisão desses empresários e no bloqueio de seus bens. O Consórcio Nordeste segue aguardando a apuração desse crime, o julgamento e punição dos responsáveis e a devolução do dinheiro aos cofres dos respectivos estados”, disse o Consórcio Nordeste através de nota.
*Com informações da Tribuna do Norte