Dengue é a segunda maior causa de solicitação de leitos no Estado

Casos suspeitos da doença cresceram 1.538% até 14 de maio, em relação ao mesmo período do ano passado/ Foto: Alex Régis

A Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) registrou, entre o dia 01 até o dia 23 de maio, 145 pedidos para internação em leitos clínicos e de UTI em decorrência da dengue. Os pedidos englobam tanto a dengue clássica (109) quanto a febre hemorrágica causada pelo vírus da dengue (36). A dengue foi a segunda doença que mais gerou solicitações de leitos no Estado.

A Sesap diz que os dados acendem um alerta, já que significam que a procura por consultas em Unidades de Pronto-Atendimento (UPA) é ainda maior. Como outras pessoas dão entrada em uma UPA com dengue leve, fazem o tratamento ambulatorial apenas em casa. Ou seja, as quase 150 internações são apenas daqueles que procuraram atendimento e foram internados.

No último Boletim Epidemiológico das Arboviroses, que calcula os dados até 14 de maio, o Rio Grande do Norte registrou um aumento de 1.538% nos casos suspeitos da doença. Foram 14.860 em 2022, enquanto no ano passado foram apenas 907 suspeitas. Apesar disso, o RN registra uma leve queda nas últimas três semanas. Na semana 17 a Sesap registrou 2.522 pessoas em início de sintomas, número que passou para 2.245 na semana 18. Agora, na semana 19 (entre 7 e 14 de maio), está em 1.874.

A faixa etária com mais casos suspeitos é a de pessoas entre 20 e 34 anos. No momento, o Estado possui 3.946 neste patamar, um crescimento de 1.164% em relação ao ano passado, quando foram 312 suspeitos.

Entre os casos confirmados da doença, o alerta permanece, com um aumento de 495%. O Rio Grande do Norte possuía em 2021, 407 pessoas com a dengue simples. Hoje, são 2423. O boletim traz ainda dados que classifica como “dengue com sinais de alarme” e “dengue grave”, em menor número. Os casos graves cresceram 175%, passando de 4 para 11 registros.

Uma preocupação, para a Sesap, é a falta de insumos. De acordo com a coordenadora de Vigilância da Saúde, Kelly Lima, algumas cidades não têm sequer dipirona. “Esse impacto não pode chegar de forma latente à rede de atenção à saúde, exatamente porque não existe preparação por parte de todos os municípios”, admite. “Então nós não temos em todos os territórios do estado, unidades hospitalares de pronto atendimento que consigam dar vazão a essa demanda”, continua.

Segundo Letícia Duarte, os leitos derivados do período crítico da Covid-19 estão sendo utilizados agora também para a dengue. “Esses leitos não desapareceram, estão nas nossas unidades. A gente só remaneja de acordo com a necessidade. Nesse momento, a gente tem uma necessidade de serem leitos clínicos não só para a dengue, mas para qualquer outra doença em que o paciente precise adentrar um leito clínico”, afirma. “A rede hospitalar do estado felizmente foi fortalecida de forma regionalizada por causa da Covid”, lembra Kelly.

Existem quatro tipos de dengue, sendo o tipo dois o mais perigoso. É esse também o que causa o maior número de internações, segundo Kelly Lima. “Os sintomas são um pouco mais potencializados na fase aguda da doença, então as manchas são mais escurecidas, são bem vermelhas. A febre tende a ser mais aumentada, e é o sorotipo que mais está circulando aqui no nosso Estado”, comenta. Lima diz que, por esses motivos, é preciso manter os cuidados contra o mosquito Aedes aegypti já que, como os sintomas tendem a ser “mais severos, pode haver um agravamento e possivelmente a internação dessas pessoas”.

Na relação de sorotipos circulando pelas cidades potiguares, apenas 30 municípios têm dados registrados. Destes, 27 aparecem com o sorotipo 2, um com o sorotipo 1, e duas cidades possuem tanto o sorotipo 1 quanto o 2. O restante não tem informações.

Em primeiro lugar entre as internações no período, isolada, está a pneumonia, com 551 pedidos de internação. Mas, para Letícia Duarte, subcoordenadora de Regulação de Acesso da Sesap, essa posição não surpreende: “nesse período do ano as doenças do trato respiratório dão um salto”. O infarto agudo do miocárdio aparece com 116 solicitações de leito, teoricamente em segundo. Mas a Sesap considera a dengue clássica e a febre hemorrágica como uma só, levando a doença para a vice-colocação.

*Com informações da Tribuna do Norte

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