Em processo de devolução por parte da Inframerica ao Governo Federal, o Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante, fechou o ano de 2021 com um prejuízo acumulado de R$ 1,1 bilhão. Os dados constam no mais recente balanço financeiro do terminal, publicado nesta semana. Em 2020, o prejuízo estava em R$ 1,06 bilhão, indicando um crescimento de 3,4%.
De acordo com o boletim, a operadora teve um aumento na receita operacional líquida, passando de R$ 30,5 milhões para R$ 36,4 milhões, bem como registrou diminuição de encargos, como os salários que passaram de R$ 2,09 milhões para R$ 1,9 milhões.
“O prejuízo que a reportagem cita é o valor amortizado. Ele leva em consideração os encargos dos 27 anos de pagamento anual de outorga, que é atualizada anualmente. Os índices macroeconômicos, como SELIC, vêm aumentando ao longo dos anos e isso reflete nos índices de reajuste”, diz a Inframerica em nota enviada à imprensa.
Boletins anteriores da Inframerica mostram que o prejuízo acumulado do aeroporto inaugurado em maio de 2014 vem crescendo ao longo dos anos. Até 2018, esse prejuízo já ultrapassava a casa dos R$ 676,3 milhões. No primeiro ano de operação, em 2014, esse prejuízo acumulado era de R$ 177 milhões. A Inframerica precisou fazer aportes financeiros ao longo dos anos, injetando R$ 294 milhões entre a assinatura do contrato e 2015. Somente em 2016 foram outros R$ 93,6 milhões.
Na seção “impactos da Covid-19”, o balanço indica que o aeroporto teve quase 2 milhões de passageiros em 2021, 22,1% inferior a 2019 e 53,8% maior que 2020.
Quanto ao tráfego aéreo, foram 14.997 pousos e decolagens, 48,4% a mais que 2020, porém, ainda 16,7% menor que no ano anterior, especialmente por conta dos voos internacionais.
“A pandemia fez com que o movimento do Aeroporto de Natal regredisse uns anos, mas, mesmo com um fluxo abaixo, o terminal potiguar vem crescendo e o Rio Grande do Norte se destacando como um dos pontos turísticos mais procurados do Nordeste. Atualmente, devido a alta temporada, o terminal está com voos regulares, charters e extras diretos para 15 cidades brasileiras. Os voos diretos da TAP já foram retomados e as frequências ampliadas”, diz nota inclusa no boletim.
Devolução
Em março de 2020, a Inframerica anunciou a devolução do Aeroporto Internacional Aluízio Alves alegando prejuízos financeiros e com necessidade de aportes financeiros de acionistas.
“O contrato firmado a época não é passível de mudança ou aditivos, conforme regra geral e Lei das Concessões. Sendo este o 1º contrato de concessão aeroportuária do Brasil, completando 10 anos, e ao longo deste período novos estudos e análises foram feitas pera melhorar os contratos dos próximos aeroportos que foram leiloados, a única possibilidade de mudança contratual seria uma nova relicitação do ativo”, diz texto da Inframerica enviado à TN.
Ainda segundo a Inframerica, entre as justificativas para a devolução amigável é em relação ao tráfego de passageiros que foi negativamente impactado principalmente pela severa e longa crise econômica enfrentada pelo país, ocorrida justamente no período inicial da concessão e que impactou diretamente o turismo na região.
“Nos Estudos de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) feitos no início da concessão, a expectativa era que o terminal potiguar movimentasse 4,3 milhões de passageiros em 2019. Contudo, o fluxo registrado foi de 2,3 milhões, cerca da metade do que era previsto nos estudos de viabilidade. Lembrando que o pedido de devolução aconteceu antes mesmo do início da pandemia. Com a Covid-19 o impacto foi maior ainda”, acrescenta.
O Aeroporto Internacional Aluízio Alves fica localizado em São Gonçalo do Amarante e foi construído para a Copa do Mundo de 2014. O terminal foi o primeiro do Brasil a ser inteiramente concedido ao setor privado.
O Consórcio Inframérica, formado inicialmente pelo grupo Engevix e pela empresa argentina Corporación America, venceu, em agosto de 2011, o leilão que concedeu ao grupo o direito de construir, manter e explorar o novo aeroporto do RN. O lance pago pelo consórcio no leilão foi de R$ 170 milhões. Foram investidos mais de R$ 500 milhões, à época.
*Com informações da Tribuna do Norte