17 de maio de 2022

Secretaria de Educação de Natal desconta salário de professores grevistas

Greve dos professores de Natal durou um mês. Secretaria calculou 22 dias para reposição/ Foto: Adriano Abreu

Num ofício circular direcionado às unidades da rede municipal de ensino, a Secretaria Municipal de Educação de Natal (SME) orienta as unidades da rede municipal de ensino para a reposição dos dias de greve dos professores no mês passado. Com isso, o ano letivo de 2022 será concluído somente em fevereiro de 2023, incluindo aulas aos sábados. Haverá ainda corte de ponto com redução dos salários já na folha do mês de maio de todos os grevistas. Com a reposição, que será concluída ao final do período letivo, a Prefeitura diz que restituirá em março de 2023 aquilo que tiver sido descontado dos salários.

A SME contabiliza 22 dias letivos paralisados, entre 28 de março a 29 de abril, sustentando que a recomposição é necessária para cumprir os 200 dias letivos e as 800 horas de efetivo trabalho pedagógico coerente com o Calendário Escolar. Para tanto, haverá o acréscimo de nove sábados letivos, sendo sete distribuídos de junho a dezembro de 2022, dois sábados e nove dias em janeiro de 2023 e o acréscimo de quatro dias letivos no mês fevereiro. Cada unidade de ensino deve elaborar o cronograma dentro do que foi apresentado pela secretaria de acordo com a participação de cada professor na paralisação.

Mas há um detalhe: a data inicialmente prevista para o término do trabalho pedagógico com os estudantes será mantida para a conclusão do processo de avaliação, que é 18 de janeiro de 2023, pelo professor titular da turma. Após essa data, o trabalho pedagógico de reposição terá continuidade com práticas de aprofundamento das aprendizagens previstas para cada ano de escolaridade.

Serão dois períodos de reposição das aulas. O primeiro compreende 10 dias letivos sem desconto salarial, a menos que os professores e educadores infantis deixem de pagar os dias devidos, sem justificativa que abone a falta.

O segundo período, compreendendo 12 dias letivos e será descontado na folha do mês deste mês de maio de todos os que paralisaram suas atividades. A Prefeitura vai descontar esses 12 dias na folha, porque diz que a reposição dessas só vai ocorrer nos meses de janeiro e fevereiro de 2023, sendo facultado ao professor ou educador infantil repor este período de greve.

Caso prefira pagar essas aulas em 2023, a Prefeitura devolverá no mês de março os valores descontados. Se preferir não pagar as aulas devidas desse período, cujo desconto salarial já foi feito, a SME encaminhará um professor seletivo para substituir esse professor ou educador infantil titular, garantindo o período letivo.

Segundo a secretaria, o desconto será feito na folha conforme decisão judicial do dia 8 de abril passado, proferida pelo desembargador Virgílio Macedo, ao reconhecer a ilegalidade da greve e autorizar o corte de ponto, permitida a compensação em caso de acordo entre a categoria e SME. Contudo, as orientações da secretaria não são fruto de nenhum acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Estado (Sinte/RN).

*Com informações da Tribuna do Norte

“Por Deus que está no céu, eu nunca serei preso”, afirma Bolsonaro

Registro da chegada de Bolsonaro para a cerimônia de abertura da 36ª Edição da APAS Show. – (crédito: Isac Nóbrega/PR)

O presidente Jair Bolsonaro desembarcou, nesta segunda-feira (16/5), em São Paulo, onde participou da cerimônia de abertura da APAS Show, feira do setor de supermercados e alimentos, na Zona Norte da capital. O evento contou com um almoço com cerca de 600 empresários e autoridades.

Em discurso, o Bolsonaro afirmou que “nunca será preso”. “Mais da metade do meu tempo eu me viro contra processos. E até já falam que eu vou ser preso. Por Deus que está no céu, eu nunca serei preso”, disse sendo aplaudido pelos presentes. A declaração é uma referência ao adversário na corrida presidencial, o ex-presidente Lula, que afirmou que Bolsonaro teme ser preso caso perca as eleições de outubro.

“Não estou dando recado para ninguém. Em 2019, começamos enfrentando problemas éticos, morais e econômicos. Ao longo do ano muita coisa foi aprovada”, emendou citando a reforma da previdência e a lei da liberdade econômica.

O presidente ainda seguiu tecendo ataques indiretos a membros do Supremo e voltou a defender os atos do dia 7 de Setembro e 1º de Maio que tiveram algumas faixas e cartazes com pedidos de AI-5 e retorno da ditadura.

“O que tentaram nos roubar em 64, tentam nos roubar agora. Lá atrás pelas armas, hoje pelas canetas: Liberdade de expressão. Outro dia me perguntaram: “E quem levanta uma faixinha de AI-5?”. Você tem que ter pena desse cara, não é prender esse cara não. Tem que ter pena dele. Ele nem sabe o que é AI-5. Quando a esquerdalha me chama de fascista não sabe o que é ser fascista. Mas eu entendo tudo isso como liberdade de expressão”, alegou.

Ele citou declaração dada no domingo (15/5), quando disse que quem considera as manifestações bolsonaristas de 7 de setembro e 1º de maio como antidemocráticas é “psicopata ou imbecil”.

“Até desabafei ontem com a imprensa e falei: todo aquele que viu nas manifestações de rua de 7 de setembro ou 1 de maio como sendo manifestações contra a democracia, atos antidemocráticos, para mim, essa pessoa é um psicopata ou um imbecil. A liberdade é mais importante do que a nossa própria vida”, completou no evento.

Na abertura do painel, o presidente da Associação Brasileira de Supermercados, João Galassi, agradeceu o presidente e o Congresso pelas ações econômicas em meio à pandemia.

“Os desafios são enormes, mas temos muito o que agradecer, em especial ao presidente Bolsonaro e ao Congresso pelo Auxilio Brasil que dobrou a renda dos mais necessitados, pela redução do IPI, pela redução das taxas de importação dos itens da cesta básica e pela recente liminar que iguala os preços dos impostos do diesel nos estados”, afirmou Galassi.

Galassi ainda relatou um pedido do presidente para redução dos preços da cesta básica. Ele prometeu uma reunião com os setores envolvidos. “Excelentíssimo senhor presidente, a seu pedido referente à redução da cesta básica, sugeri ao ministro Guedes que convide para reunião todos os setores, agro e indústria para estudarmos alternativas para redução do preço da cesta básica. Temos que unir a cadeia para esse diálogo”, emendou.

A APAS Show é considerada uma das principais feiras de alimentos, bebidas, mercearia, FLV, higiene e limpeza do mundo, além de tecnologia, inovação, logística, finanças, infraestrutura, equipamentos e startups, com duração de quatro dias.

*Com informações do Correio Braziliense

Violação dos direitos das crianças e adolescentes cresce 257% no RN; acima da média nacional

Foto: Divulgação

O cenário pandêmico e a imposição do isolamento social como medida mitigadora do avanço do coronavírus no Brasil podem ter mascarado as infrações dos direitos das crianças e dos adolescentes ao longo de 2020. Na passagem para 2021, os casos de violação contra esse público notificados pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) cresceram 217,97%. No Rio Grande do Norte, o avanço negativo foi ainda maior: 257,91%. Esse percentual é superior ao registrado em atos de violência doméstica e familiar contra a mulher. Os dados foram tabulados pelo Instituto Santos Dumont (ISD) e chamam a atenção da sociedade para a temática em virtude do 18 de Maio – Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.

“Tendo em vista que a maior parte das violações são cometidas no ambiente intrafamiliar, considerando o aspecto da pandemia e a permanência das famílias em isolamento por maior tempo ao longo de 2020, compreende-se que as pessoas que sofrem violência, sobretudo a sexual, tiveram mais dificuldade em denunciar aos órgãos oficiais bem como à comunicação aos parentes, aos professores, pessoas próximas que poderiam prestar algum apoio”, analisa a preceptora assistente social do ISD, Alexandra Lima. Ao avaliar os números, ela aponta que a flexibilização para o retorno às rotinas pré-pandemia possibilitou que as vítimas e parentes se sentissem mais seguros em denunciar, visto que, encontraram alternativas de notificação dos casos sem a presença dos supostos agressores.

Os números expostos foram reunidos através das ligações efetuadas para o Disque Direitos Humanos – Disque 100, cuja base de dados é de responsabilidade da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (ONDH/MMFDH). Conforme o órgão ministerial, o Rio Grande do Norte contabilizou, no primeiro ano da pandemia, 935 denúncias que se configuraram em 2.345 violações aos direitos das crianças ou adolescentes. Uma denúncia pode gerar mais de uma violação. No ano de 2021, esses números saltaram para: 2.096 denúncias e 8.393 violações. Do total de denúncias do ano em referência, 35,54% são relacionadas à violência sexual (física ou psíquica) cometida contra crianças e adolescentes no território potiguar.

Ela aconselha que a criança deve ser educada a reconhecer os sinais de violência, quais tipos de atitude configuram violações ao seu próprio corpo e que segredos entre ela e seus responsáveis não devem existir. “Deve-se estabelecer uma relação de confiança entre as crianças e os seus cuidadores para que elas se sintam seguras e protegidas para relatarem situações que causem medo e dor”, enfatiza Alexandra Lima.

Os números relativos às violações sofridas por crianças e adolescentes no Rio Grande do Norte são, inclusive, superiores aos registrados em relação à violência doméstica e familiar contra a mulher e contra a pessoa idosa no estado. O MMFDH registrou, ao longo de 2021 nos municípios potiguares, 1.234 denúncias e 5.713 violações cometidas contra mulheres. No que diz respeito às infrações dos direitos dos idosos foram 1.635 denúncias e 6.948 violações. A maioria dos casos de violência ocorre na residência da própria vítima e por um intervalo de tempo superior a um ano até o registro da denúncia, segundo o órgão ministerial. A comunicação do ato violento às autoridades, na maioria dos casos, ocorre por terceiros ou anônimos.

“Houve um aumento muito grande de denúncias, principalmente, através da internet. Nós migramos muito para o ambiente virtual, em razão da pandemia, e isso possibilitou um maior quantitativo de casos notificados. A internet possibilitou uma visibilidade maior do fenômeno da violação de direitos”, afirma Manoel Onofre de Souza Neto, promotor de Justiça de Defesa da Infância e da Juventude no Rio Grande do Norte.

*Com informações do Agora RN