A notícia é da Coluna de Rodrigo Rangel, do Portal Metrópoles:
A cúpula da Polícia Federal usou um argumento bastante questionável para evitar que o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, fosse transferido de São Paulo para Brasília logo após ser preso em razão das investigações sobre a existência de um esquema de corrupção no Ministério da Educação.
Além de mencionar risco à segurança e “exposição desnecessária” dos presos no despacho que foi determinante para que o ex-ministro permanecesse em São Paulo, como gostaria, a direção da PF alegou “restrições orçamentárias” para dizer que não seria possível fazer a transferência.
Só que um levantamento feito pela coluna nos registros de voo dos aviões pertencentes à corporação mostra que, para outros motivos, não há restrição orçamentária.
Semanas antes da prisão de Milton Ribeiro, um dos jatos foi usado até mesmo para levar o diretor-geral da PF, Márcio Nunes de Oliveira, a cidades do Norte e do Nordeste para participar de cerimônias de inauguração e de posse de delegados nomeados por ele para cargos de chefia.
A Polícia Federal já tem três jatos e um quarto, recém-adquirido, está prestes a entrar em operação. Entre maio e junho, nas semanas que antecederam a prisão de Milton Ribeiro, duas dessas aeronaves fizeram nada menos que 40 voos.
É um dado que, além de derrubar o argumento de que não havia recursos para realizar a transferência do ex-ministro para Brasília, dá força à queixa do delegado encarregado da investigação, Bruno Calandrini, que denunciou ter havido interferência da cúpula da PF no caso.
Um dos pontos apontados por Calandrini, que em um grupo de WhatsApp afirmou a colegas não ter autonomia para conduzir a apuração com independência, foi justamente a decisão de seus superiores de não autorizar a transferência de Ribeiro.
A decisão da cúpula da PF foi determinante para que o ex-ministro não fosse recambiado para Brasília, onde ele deveria ser ouvido em uma audiência de custódia.