Parte dos 11 ministros do STF quer um aumento do salário, hoje fixado em R$ 33,7 mil por mês. A reivindicação ignora a falência do Tesouro Nacional e ofende os 13 milhões de brasileiros que estão no olho da rua. Os salários das supremas togas servem de referência para outros contra-cheques do serviço público. Quando sobem, puxam os demais. No final, a conta do reajuste pode passar dos R$ 5 bilhões por ano.
Há bons argumentos para defender qualquer pedido de aumento salarial, sobretudo num país inflacionário. No caso do Supremo, a má notícia é que não há dinheiro disponível no cofre. A boa notícia é que nenhum ministro está obrigado a permanecer no tribunal. Quem quiser, pode trocar a estabilidade funcional e o salário 20 vezes superior à média remuneratória do país pelos lucros incalculáveis de uma banca advocatícia privada. Em tempos de Lava Jato, cliente não vai faltar.
Em matéria salarial, o Supremo funciona como sindicato de si mesmo. Cabe à própria Corte pedir à inclusão do auto-reajuste no Orçamento de 2019. Entre os maiores defensores do aumento, ironia suprema, estão ministros adeptos da política de celas abertas. Com uma mão, libertam corruptos. Com a outra, pedem um aumento que os cofres públicos não podem pagar. O patrão do Supremo se chama contribuinte. Consultado, negaria o reajuste. Se pudesse, demitiria certos ministros.
JOSIAS DE SOUZA