Agência Estado
A senadora Ana Amélia (PP-RS) disse nesta quinta-feira, 2, em rápida entrevista concedida no Senado, que está disposta a ser vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB-SP), mas condicionou a decisão ao acerto entre os dois partidos em âmbito nacional e no seu estado natal, o Rio Grande do Sul. Embora tenha mostrado disponibilidade, a senadora disse que a parceria não está sacramentada.
Cuidadosa nas declarações, Ana Amélia evitou declarar que aceita o convite do tucano. “A decisão caberá a Alckmin e ao presidente do partido (PP)”, desconversou, dizendo que “entre hoje e amanhã” deve ser feito o anúncio oficial. Tudo ainda depende de decisões sobre coligações para disputas de governos estaduais, segundo ela. A decisão da senadora foi antecipada pela Coluna do Estadão nesta quinta-feira.
Uma das questões é a situação no Rio Grande do Sul. Com os novos arranjos, estaria em jogo o candidato Luis Carlos Heinze (PP) deixar de concorrer ao governo do Rio Grande do Sul para apoiar o candidato tucano ao cargo, Eduardo Leite. Neste cenário, Heinze sairia para o senador. Há outras questões também para serem resolvidas entre os dois partidos.
“Se for definido em todos os seus detalhes, então vou me posicionar em relação ao convite que Geraldo Alckmin fez a mim”, disse Ana Amélia. “Vou aguardar para que eu possa tomar uma decisão com segurança”, disse.
Segundo a senadora, Alckmin esteve em sua casa na quarta-feira, 1º, às 18h, e eles conversaram por cerca de 40 minutos. “Ele fez várias ponderações a mim e tivemos uma conversa muito franca”, disse. Ela admitiu que também houve um apelo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para que ela aceitasse ser vice, e também do senador Tasso Jereissati (PSDB).
“Tive problema com a minha pressão arterial, mas a política foi muito maior para que eu aceitasse”, disse a senadora. Mais cedo ela disse que falaria com seu médico para tomar a decisão já que teve um problema de hipertensão em viagem ao Rio Grande do Sul na semana passada e chegou ficar internada por uma noite.
Sobre as divergências internas do PP, Ana Amélia disse que o presidente do PP, Ciro Nogueira, deu a liberdade a Geraldo Alckmin para ele tomasse sua decisão.
TRAJETÓRIA
Ana Amélia Lemos tem 73 anos e é gaúcha de Lagoa Vermelha. Jornalista, trabalhou por mais de 30 anos para o Grupo RBS, afiliado da Globo no Rio Grande do Sul. Na maior parte da carreira, ela atuou diretamente de Brasília, tratando principalmente sobre política.
Em 2010, se afastou do jornalismo para concorrer ao Senado pelo Partido Progressista. No mesmo ano, foi eleita com 29,54% dos votos, ficando com a segunda vaga.
No Senado, votou a favor da PEC do Teto de Gastos e pela reforma trabalhista. Se diz contra “regalias” a políticos e magistrados e defende mudanças na forma de indicação de ministros do STF e redução do mandato na Corte para dez anos. Ela também é co-autora de PEC que propõe o voto facultativo. Sobre o aborto, Ana Amélia diz ser a favor nos atuais termos da Constituição.
Ana Amélia ganhou visibilidade nacional por ter sido uma das vozes mais ativas de oposição ao governo Dilma Rousseff (PT) e por defender o impeachment da ex-presidente. Atualmente, ela se mantém como uma das principais críticas ao PT e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva –condenado e preso na Operação Lava Jato – no Senado.