Potengiense é aprovada para cursar Engenharia Civil na UFRN

“Cada professor que eu tive no IFRN e cada contato foi importante para concretizar minha aprovação em Engenharia Civil”

“O que o IF significa para mim eu não consigo expressar em nenhuma palavra. Só sei que desejo voltar como docente, o que será uma honra!”. A frase finaliza o depoimento da estudante Flávia de Souza Rodrigues, que acaba de concluir o curso Técnico Integrado em Edificação no Campus São Paulo do Potengi e ser aprovada para o Curso de Engenharia Civil da UFRN, através do Sistema de Seleção Unificada (SiSU). A verticalização da sua formação, um dos objetivos do IFRN, passa pelas experiências acadêmicas e pessoais vivenciadas na Instituição, o que ela compartilha no texto abaixo:

‘Sou filha de dois agricultores que nem o ensino fundamental completo possuem. Tenho maior honra de ter uma família humilde, de coração muito bom e trabalhadora. Fui ensinada a lutar pelos meus objetivos. Mainha, apesar de sempre intensa, sempre me lembrava: “minha filha, você nem sempre vai ganhar, mas não precisa desistir”. Meus pais sempre se esforçaram para dar a melhor educação possível para mim e para minha irmã. Teve um tempo que as coisas estavam difíceis lá em casa e, naquela época, saiu um edital na Sociedade Educadora São Francisco, aqui em São Paulo do Potengi (SPP). O edital oferecia bolsa integral ou parcial. Estudei para conseguir e, no dia do resultado, quando menos esperava, meus antigos professores do fundamental chegaram com um carro de som anunciando que eu havia conseguido. Acho que ali eu comecei minha batalha.

Como meu pai também era servente, desde pequena eu estava vendo ele atuando, né? Para qual filha o pai não é um herói? Gostava de brincar com argamassa desde cedo, queria rebocar as paredes como ele, passar a régua e tudo mais; até então, sabia que queria engenharia civil, mas naquela época ainda não sabia que existia o IFRN. Dois anos antes do ensino fundamental II acabar, Josa, diretora da Sociedade Educadora São Francisco, chegou no meio da aula e começou a falar que Fátima (acho que deputada naquela época) tinha um projeto de trazer o Instituto para SPP e que a escola poderia ser uma grande oportunidade. Quando ela terminou de apresentar o IF, ingressar nele tinha se tornado um sonho.

Fomos conhecer a estrutura do IFRN e aquilo parecia coisa de outro mundo. Estudei em casa o ano todo e consegui. Ingressei no IFRN! Entrei com a ideia na mente de que o IF seria o abridor de portas. Quando saiu o resultado, já tinha vários sonhos, tinha prometido para mainha que no final do IF, ela iria ter uma filha formada, uma filha que ia se esforçar ao máximo para melhorar as nossas condições de vida.

Enquanto estudava lá, conheci Neuber, professor do curso de Edificações. Eu o chamo de pai, porque a forma que ele acreditou em mim… Nunca vi! Se eu falasse: “quero conquistar o mundo, será que dá certo?” Ele só respondia dizendo que eu era capaz.

Foi sendo orientada por ele, em um projeto de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, que viajei por algumas cidades e tive artigos aprovados em eventos, desde os federais como Secitex e Expotec, a importantes eventos externos, na área da construção como Ibracon, Elec’s e outros. E também em revistas como a Editorial Office of International Journal of Architecture, Arts and Applications. O projeto, as vivências que obtive em cada oportunidade dessa me fez desenvolver um amor maior pela área, de me imaginar construindo sem destruir o meio ambiente, além de uma vontade imensa de projetar visando contribuir também socialmente.

Não só Neuber, mas cada professor que eu tive no IF, cada contato, tudo foi importante para concretizar minha aprovação em Engenharia Civil. Os professores do Instituto são figuras com mentes brilhantes. Quando se entra numa escola desse tipo, geralmente, ou você sai com certeza daquele curso que você já havia imaginado ou você descobre sua paixão. Quando penso no IF, só me vem a ideia de que: não é só uma escola, nunca foi só aprendizado acadêmico. O aluno que ingressa flutuando, dentro de uma bolha, no IF se reconstrói totalmente. Nós temos contato com adversidades e é isso que faz o ser humano evoluir, se adaptar. A gente sai preparado não só para uma vida acadêmica ou profissional, saímos com uma visão de vida totalmente diferente, a realidade é sempre o eixo central dos nossos aprendizados. E isso deixa a gente mais humano também, a gente sabe o quanto pode ser difícil a vida de um aluno que sai de casa todos os dias às quatro horas da manhã para chegar lá na escola; o quanto é difícil ser de família humilde e sabemos o quanto os pais se orgulham em ver o filho(a) alçando novos ares.

Por exemplo, lá em casa, nunca passou pela cabeça da minha mãe que viajaria para apresentar um trabalho, que as promessas de ajuda financeira sairiam, que a oportunidade de mudar nossa vida poderia ser concretizada. E foi o IF que me deu essa esperança, que me possibilitou realizá-las.

No meu último ano, já estagiando na Coordenação de Laboratórios do Campus, estava determinada a passar no Enem. Para me ajudar, um amigo meu me deu uma conta do Descomplica, onde comecei a assistir as vídeo-aulas. Carol e Ruthiane, duas ex-alunas do IF, também ajudaram, corrigindo minhas redações. Não foi fácil, teve dia que não aguentava mais tanta aula… Quando ficava difícil assim, eu lembrava porque eu não podia desistir: lembrava da promessa que eu tinha feito para mainha.

Dia 28 foi um dia incrível, liguei para mainha um dia antes chorando, dizendo que não iria conseguir. Ela me pediu para ter calma e acreditar nos planos de Deus. Me consolou com isso. Segunda de manhã, quando abri a página do SiSU, dei um grito tremendo: “consegui!”, depois corri para abraçar minha irmã e comecei a chorar. Essa aprovação significa muito para mim! Mainha ainda não consegue acreditar, pois é um grande sonho se realizando; é a possibilidade de ser a primeira graduada da família, de ter um emprego bom e dar conforto para família e é só o primeiro passo que imagino dar.

Termino dizendo que, dentre as pessoas importantes nessa jornada do IF, destaco Iasmin e Josivânia, mãe dela. Elas já são parte da minha família, delas vieram incentivos acadêmicos importantes para minha persistência nos meus sonhos. Além de ajudarem a realizá-los, sempre apresentaram portas onde eu achava que não possuíam saídas e, o mais importante, sempre me mostraram que – apesar das dificuldades – eu era e sou muito capaz de conseguir realizar meus sonhos.”

IFRN/SPP

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