10 de fevereiro de 2021

TSE arquiva duas ações que pediam cassação da chapa Bolsonaro-Mourão

Por unanimidade, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) julgou improcedente duas ações para cassar a chapa vencedora das eleições de 2018, formada pelo presidente Jair Bolsonaro e o vice-presidente, Hamilton Mourão.

O tribunal julgou ações de investigação eleitoral protocoladas pela Coligação Brasil Soberano (PDT/Avante), que também disputou o pleito.

As legendas alegaram que houve prática de abuso de poder econômico por supostos disparos ilegais em massa de mensagens no aplicativo WhatsApp. Pela lei, somente a propaganda paga pode ser feita nas redes sociais. Para justificar a ação, os partidos apresentaram cópia de uma matéria jornalística para embasar a acusação.

Ao julgar o caso, os ministros seguiram voto proferido pelo relator, Luis Felipe Salomão. Segundo o ministro, a coligação não apresentou provas das acusações.

“A inicial veio instruída somente com essa notícia jornalística e, no curso da demanda, a autora não apresentou provas dos supostos fatos e aquelas provas que queria produzir eram impertinentes, inadequadas ou ilegais para comprovar o fato apontado na inicial”, afirmou.

O entendimento foi acompanhado pelos ministros Mauro Campbell, Tarcísio Vieira, Sérgio Banhos, Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.

Defesa

Durante o julgamento, a advogada Karina Kufa, representante do presidente, disse que não foram apresentadas provas para embasar a acusação. Segundo a advogada, em outro processo que correu na Justiça, ficou concluído que a matéria jornalística citada não se sustentava.

“Temos uma situação preocupante, sem qualquer embasamento jurídico, sem qualquer prova ou indício de prova e um lapso temporal acima do que é razoável para o julgamento dessa ação”, argumentou.

A advogada Karina Fidelix, represente de Mourão, afirmou que as acusações são genéticas e sem respaldo probatório.

Agência Brasil

Preço do gás de cozinha no RN deve ter nova alta já nesta quinta-feira e irá a R$ 91, diz Singás/RN

De uma só vez, os consumidores estão precisando lidar com o novo aumento da gasolina, do óleo diesel e do gás de cozinha. Os novos preços promovidos pela Petrobras nas refinarias começaram a vigorar nesta terça-feira (9), com a perspectiva de que mais reajustes continuem acontecendo no preço final do produto. Com tantas oscilações para cima, revendedores de gás e postos de combustíveis dizem não estar conseguindo segurar os preços sem repassar ao consumidor final. O Sindicato dos Revendedores Autorizados de Gás Liquefeito de Petróleo (Singás-RN) adianta que o gás de cozinha deve ter novo aumento já nesta quinta-feira (11) e o preço do botijão de 13 quilos pode ir a R$ 91. Nos postos de abastecimento de combustível, o reflexo do reajuste que entrou em vigor nesta terça-feira (9) deve chegar aos consumidores nos próximos dias.

O Singás-RN informou que no último dia 2 de fevereiro tinha sido efetivado mais um acréscimo no Preço Médio Ponderado ao Consumidor Final (PMPF), que é utilizado como base de cálculo do ICMS. Seis dias depois, as distribuidoras de gás informaram que a Petrobras aplicaria mais um reajuste de 5,15% no preço do GLP, ou seja, foram duas alterações, em menos de 10 dias, na composição do preço do botijão. “A Petrobras anunciou esse aumento para a zero hora desta terça-feira. Quando as distribuidoras receberem e passarem para os revendedores, esse aumento também chegará ao consumidor final. Nossa expectativa é de que isso aconteça já nesta quinta-feira”, disse o presidente do sindicato, Francisco Correia.

Para ele, não há previsão de que esses aumentos parem de acontecer. Com este último já são doze reajustes consecutivos, onerando o valor, dois somente este ano. “Infelizmente, essa alta nos preços não vai parar porque existe um monopólio da Petrobras que tem 100% da produção no País. Não temos um plano B. Além disso, a estatal não teve aumento de custos com funcionários, derivados, com nada. Apenas aumentou a margem de lucro. É algo que está fora do nosso controle de revenda”, argumentou, reforçando que a quebra do monopólio e o aumento da concorrência poderiam frear essa onda infinita de aumento no preço do gás.

Com o reajuste da Petrobras, o GLP (gás liquefeito de petróleo), o gás de botijão, aumenta R$ 0,14 por kg nas refinarias e passará a custar, nas refinarias, R$ 2,91 por kg (ou R$ 37,79 por 13 kg). O preço da gasolina vendida pelas refinarias às distribuidoras aumentará 8,2%. Com isso, o preço médio do litro do combustível sobe R$ 0,17 e passará a ter preço de saída de R$ 2,25. Já o óleo diesel aumentou cerca de 6% (R$ 0,13 por litro) e passará a custar R$ 2,24.

A estatal destacou em nota que os valores praticados nas refinarias são diferentes dos percebidos pelo consumidor final no varejo. Até chegar ao consumidor, são acrescidos tributos federais e estaduais, custos para aquisição e mistura obrigatória de biocombustíveis pelas distribuidoras, no caso da gasolina e do diesel, além dos custos e margens das companhias distribuidoras e dos revendedores de combustíveis.

TRIBUNA DO NORTE

Artigo Ney Lopes: “Reformas sim; porém justas”

Ney Lopes – jornalista, ex-deputado federal, professor de direito constitucional da UFRN e advogado

A experiência comprova, que plenários legislativos heterogêneos, somente são conduzidos por lideranças que decidam com firmeza, em momentos de impasses e conflitos.

O maior exemplo é a “Constituição Cidadã” de 1988, que jamais teria sido promulgada, se não fosse o carisma do deputado Ulysses Guimarães. As votações só começavam com a presença dele. Jamais delegou. Inúmeras vezes, permanecia sentado na poltrona da presidência até 12 horas seguidas, sem levantar-se e proferindo a palavra de ordem ao plenário, que se tornou marca registrada: “Vamos votar! Vamos votar! ”.

O sentimento generalizado dos brasileiros é de justiça social nas reformas.

Até o Fórum de Davos-2021, evento símbolo do capitalismo global, adotará o o slogan “O Grande Reinício”, ao reunir em Singapura, no mês de maio, líderes empresariais, governamentais e sociedade civil, para abordar as consequências da crise da COVID-19 e definir as linhas da recuperação mundial.

Klaus Schwab, fundador do Fórum, anunciou que a preocupação central da agenda serão temas como futuro melhor para o trabalho e inclusão social.

No Brasil são indispensáveis as mudanças, desde que diminuam as desigualdades sociais.

A reforma tributária coloca-se como o ponto de partida.

Hoje, a tributação é regressiva, ou seja, porcentagens iguais, não levando em conta a capacidade econômica daquele que suportará o ônus fiscal. Essa situação ocorre, porque cerca de 50% da carga tributária (bens e serviços) incide sobre o consumo, atingindo os contribuintes com menores condições econômicas, que acabam pagando (proporcionalmente) a maior parcela.

Os tributos estão embutidos no preço final das mercadorias. Enquanto isto, os impostos sobre renda e lucros representam 19,2% da carga tributária atual, significando violação aos princípios básicos de isonomia.

Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), nos Estados Unidos, os Impostos de Renda e lucros alcançam 49% da carga tributária. Se comparado com o Brasil, um acréscimo de 150%. Nos demais países desenvolvidos, a média é de 37%, quase 50% maior que em nosso país.

Como se observa, o cerne do problema está na forma extremamente desigual de incidência dos tributos. As mudanças visarão dinamizar o crescimento econômico, através da distribuição da renda e o financiamento social.

Note-se que o Brasil é um dos países que mais onera o lucro das empresas, ao tributar em 34% o setor produtivo, uma taxa muito acima da média dos países da OCDE, em torno de 23%.

Distorções também ocorrem em relação a alíquota do IR da pessoa física, que cresce até a faixa de renda mensal entre R$ 26.401 a R$ 35.200, quando chega a 12%.

A partir daí começa a queda, pela “isenção” concedida aos dividendos (lucro distribuídos aos acionistas de empresas). O recuo na tributação atinge a 5.86% para quem ganha mais de R$ 281.600.00 mensais – o mesmo valor incidente sobre aqueles com rendimentos entre R$ 6.161 e R$ 8.800 por mês.

Verdadeiro absurdo!

Diante do delicado momento fiscal, não se pode defender redução abrupta da carga tributária, mas será possível adotar regras legais, sem afetar a receita pública.

Começaria pela redução da alíquota nominal de tributação das empresas (IRPJ e CSLL), compensada com a tributação na distribuição dos dividendos e na herança.

Outra medida inadiável é a atualização da tabela do imposto de renda pessoa física, que está sem correção desde 2015, causando prejuízo para o contribuinte superior a 100%.

É sempre bom lembrar, que o Chile fez reformas “apenas” econômicas, sem preocupações sociais.

O “mercado” (!) aplaudiu de pé, os índices e estatísticas oficiais cresceram, mas as tensões na sociedade cresceram e ainda hoje deixam rastros de instabilidade.

A inspiração para o governo e legisladores brasileiros deverá ser a advertência do Papa Francisco:

“O dinheiro tem que servir à pessoa humana, nunca governar os países”.