O presidente Jair Bolsonaro (PSL) quebrou o silêncio na manhã desta quinta-feira, 13, em relação às mensagens atribuídas ao ex-juiz federal Sergio Moro, hoje ministro da Justiça de seu governo, e ao procurador Deltan Dallagnol, do Ministério Público Federal. Os diálogos divulgados pelo site The Intercept Brasil mostram o então juiz federal da Lava Jato orientando ações do Ministério Público Federal na operação. Bolsonaro afirmou que o trabalho de Moro “não tem preço” e questionou a veracidade da conversa.
“O que ele [Sergio Moro] fez não tem preço. Ele realmente botou para fora, mostrou as vísceras do poder, a promiscuidade do poder no tocante à corrupção”, disse Bolsonaro em após evento no Palácio do Planalto no lançamento de um programa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para hospitais filantrópicos. Ainda, o presidente ressaltou que Moro “faz parte da história do Brasil”.
Bolsonaro afirmou que as provas contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não foram forjadas. O presidente considerou o vazamento uma “invasão criminosa” e disse que, se suas conversas privadas viessem à público, ele também será criticado. “Se vazar o meu [celular] aqui, tem muita brincadeira que eu faço com colegas ali que vão me chamar de novo de tudo aquilo que me chamavam durante a campanha. Houve uma quebra criminosa, uma invasão criminosa, se é que […] está sendo vazado é verdadeiro ou não”.
Na última quarta-feira, 12, Bolsonaro e Moro assistiram a uma partida no estádio Mané Garrincha entre o CSA e o Flamengo, pelo Campeonato Brasileiro. Os dois foram recebidos com aplausos por parte dos torcedores, o que foi destacado pelo presidente nesta quinta à imprensa. “Fui com ele ontem no Mané Garrincha e fomos aplaudidos, coisa que só acontecia lá atrás quando o Médici ia no Maracanã”, disse.
Um diálogo revelado por VEJA entre o deputado federal Celso Russomanno (PRB-SP) e Moro mostrou que o ministro considera que haverá novas vítimas dos vazamentos de mensagens do aplicativo Telegram, possivelmente parlamentares. Um áudio de cerca de oito minutos foi obtido por meio de uma ligação do repórter ao celular de Russomanno pelo aplicativo WhatsApp, que ele atendeu sem querer.
Inicialmente, Moro e Deltan negaram qualquer irregularidade nas conversas e destacaram o caráter ilícito com que foram obtidas. Depois, ambos contestaram a veracidade do conteúdo. “Mesmo não reconhecendo a fidedignidade das mensagens que foram espalhadas, nós reconhecemos que elas podem gerar um desconforto em alguém, a gente lamenta profundamente por isso”, disse o procurador em vídeo. A coluna Radar, de VEJA, também mostrou o ajuste na versão de Moro: “Os hackers podem ter escrito algumas daquelas mensagens em meu nome”, disse o ministro, segundo o relato dos senadores Wellington Fagundes (PL-MT) e o vice-líder do DEM, senador Marcos Rogério (DEM-RO).
Estadão Conteúdo