Ney Lopes – jornalista, ex-deputado federal e advogado – [email protected]
Desculpe o leitor. Volto a assunto, que abordei recentemente, relativo à instalação no “Grande Natal” de uma área de livre comércio, que geraria milhares de empregos e abriria novas oportunidades de negócios para o nosso povo.
Pois bem, uma nova porta se escancara à nossa frente, capaz de colocar o RN como a “ponte estratégica” na América Latina, avançando no comércio com a África e, consequentemente, a Europa, Canal do Panamá e até a Oceania.
Na última quinta feira, 30 de maio, entrou em vigor o “Acordo de Livre Comércio Continental Africano”, que envolve 52 países da União africana, com potencial para atingir mercado de 1.2 bilhão de pessoas e PIB de U$ 2.5 trilhões.
Será a maior área de livre comércio do mundo, desde a fundação da OMC, em 1994. O continente africano, até 2050, abrigará população do mesmo tamanho da Índia e da China.
Por que o “Grande Natal” seria “a ponte” no continente latino americano?
Porque é inquestionavelmente, o ponto geográfico mais próximo e estratégico das Américas, em relação à África e a Europa, com vários estudos técnicos e fatos históricos, que comprovam essa condição privilegiada.
O “Grande Natal” transformado em “porta de acesso” para os mercados continentais ampliaria as exportações locais e nacionais, em escala global. Isso porque existe altíssima demanda no mercado africano para produtos agrícolas, bens industrializados (confecções e frutas tropicais), serviços e importação de novas tecnologias na construção civil, geração de energia solar e eólica etc.
A área de livre comércio do “Grande Natal” estimularia a criação do “Merconorte”, ideia que poderia ser debatida em “Fórum Especial” dos governadores e parlamentares do norte e nordeste.
Em 2004 tomei café da manhã em Brasília com o Dr. Eliezer Batista, ex-ministro de Estado (duas vezes), responsável pela implantação de Carajás, do gasoduto Brasil/Bolívia, da navegação fluvial no Amazonas, do bem-sucedido projeto da Aracruz-celulose e da estrada Manaus/Caracas.
À época presidia o Parlamento Latino-Americano (Parlatino). Já sonhava com a “área de livre comércio do Grande Natal” e a criação simultânea do “Merconorte” (apresentei proposta na Câmara Federal), para promover a interligação econômica e comercial dos estados do Norte e Nordeste do Brasil com a Venezuela, a Colômbia, o Peru, o Equador e a Bolívia, mercado consumidor hoje superior a 100 milhões de pessoas.
Quis ouvir as opiniões experientes do Dr. Eliezer.
Escrevi artigo publicado no POTI (14.02.2014), com a frase dita por ele: “A sua ideia, querendo debater este assunto é totalmente correta e ajudará muito a sua região. O caminho é esse. A zona econômica de livre comércio no “Grande Natal” e o Merconorte seriam muitas vezes mais lucrativos do que o MERCOSUL”.
A certa altura da conversa, o Dr. Eliezer se descontraiu e disse em relação a mim, que como Gilberto Amado, alegrava-se quando um brasileiro era capaz de fazer a diferença entre a causa e o efeito.
Tentei que o governo do RN à época encampasse a proposta. Resultado: “calado como resposta”!
Atualmente, para transformar o estado em “polo exportador e turístico” na América Latina, o Governo estadual teria que buscar as Universidades (públicas e privadas), centros técnicos profissionais e entregar-lhes a tarefa de “formatar” a proposta final.
Não há necessidade de “assessorias $$$” externas, que “requentam” velhas ideias e nada de inovação. A “prata de casa” (técnicos, professores e alunos) faria o trabalho, com eficiência.
Uma das justificativas seria o incremento da pesquisa voltada para o agronegócio, diante do potencial de cadeias existentes no norte e nordeste de “nucleotídeos” (macro nutriente necessário ao cultivo de vegetais, através da fertilização nitrogenada) e “fitoquímicos” (componentes químicos dos vegetais, encontrados em alimentos, vegetais, frutas, sementes e que servem de proteção contra doenças como câncer e problemas cardíacos).
Um campo aberto para a indústria farmacêutica, na produção de fitoterápicos (o RN abriga parte da mata Atlântica).
Sem desejar ser o dono da verdade, surge a oportunidade de lutar por um “Novo RN”.
Caberia pelo menos um debate, em busca do tempo perdido.
Ou, se for caso, desconsiderar o conteúdo deste artigo e repetir o que sempre aconteceu no passado, dando “calado como resposta!”.
Nessa última hipótese, mais uma vez, venceria o consórcio da inveja com a mediocridade.
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