Poda do maior cajueiro do mundo divide opiniões no RN

Cajueiro de Pirangi

O maior cajueiro do mundo, localizado na praia de Pirangi do Norte, em Parnamirim (RN), passará por uma poda a partir de agosto. A medida, determinada pela Justiça após denúncias de moradores, tem gerado polêmica e despertado reações divergentes entre especialistas, população e representantes do poder público.

Com cerca de 10 mil metros quadrados de copa e reconhecido pelo Guinness Book desde 1994, o Cajueiro de Pirangi é um dos principais cartões-postais do Rio Grande do Norte. Em 2024, recebeu mais de 350 mil visitantes. O Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema), responsável pela gestão da área, afirma que a intervenção será necessária para garantir a saúde da planta e a segurança da população.

Segundo o diretor técnico do Idema, Thales Dantas, a poda terá caráter fitossanitário e não comprometerá a grandiosidade da árvore. “O Cajueiro de Pirangi vai continuar sendo o maior do mundo, independentemente da poda e do manejo que vamos realizar”, assegurou. Ele explica que a intervenção é inédita nesse formato. “Sempre que foi feito um manejo, era higiênico sanitário, ou seja, cortar onde estava o cupim, a broca, mas nunca tinha tido uma poda realmente”, afirmou. “São 137 anos e ela nunca passou por um processo de poda fitossanitária.”

A justificativa para o corte é o avanço da árvore sobre ruas e imóveis do entorno. De acordo com o Idema, cerca de 1.200 metros de galhos já ultrapassaram os limites da área cercada, invadindo calçadas e, em alguns pontos, chegando a ocupar metade da via ou encostar em plataformas e estruturas vizinhas. A estimativa é que o serviço dure até seis meses, com um investimento de R$ 200 mil.

Apesar das garantias do órgão ambiental, a decisão tem gerado controvérsia. A bióloga Mica Carboni, que já trabalhou no local, é crítica à medida e alerta para os riscos de uma poda de contenção. “Pode gerar uma catástrofe para esse cajueiro. Porque seria podar indiscriminadamente galhos no entorno só para botar ele de novo dentro do tamanho que as pessoas acham que ele deve ter”, argumentou.

Segundo Mica, os galhos que tocam o solo criam raízes secundárias, o que contribui para o rejuvenescimento da planta e sua contínua capacidade de frutificação. “Essa poda pode limitar o crescimento, pode atrofiar ele, pode gerar o envelhecimento acelerado”, disse. “Só assim esse cajueiro consegue frutificar com mais de 140 anos de idade. Um cajueiro normal frutifica até uns 40, 50 anos no máximo.”

A bióloga também questiona a prioridade dada ao espaço urbano em detrimento do valor natural e histórico do cajueiro. “Uma rua, casas, pode se construir em qualquer lugar. O maior cajueiro do mundo, só existe ele”, declarou.

Com informações do G1 RN

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