Editorial: A virada de Pacelli: o prefeito troca o MDB pelo PL e embarca no projeto bolsonarista no RN

Imagem: reprodução / Blog Silvério Alves

Neste sábado, 03 de maio, o prefeito de São Paulo do Potengi, Eugênio Pacelli, oficializou sua filiação ao Partido Liberal (PL), em um ato político que lotou a Câmara Municipal e contou com a presença de figuras centrais do bolsonarismo no Rio Grande do Norte. Estiveram presentes o senador Rogério Marinho, presidente estadual do PL, os deputados estaduais Tomba Farias, Gustavo Carvalho e Coronel Azevedo, além do deputado federal Sargento Gonçalves e prefeitos de várias regiões do estado, incluindo da região Potengi.

Apesar de parecer uma grande novidade, o movimento de Pacelli para o PL vem sendo costurado há tempos — mais precisamente desde as eleições de 2022. Naquele pleito, São Paulo do Potengi foi um dos raros sete municípios em que a governadora Fátima Bezerra (PT) perdeu no primeiro turno. O adversário dela, Fábio Dantas, escolheu justamente a cidade para realizar seu último comício, organizado por Pacelli, que também promoveu uma expressiva carreata em apoio a Jair Bolsonaro. Esses gestos já deixavam claro que o alinhamento do prefeito com a direita conservadora não era apenas momentâneo, mas uma transição política em curso.

Agora, com a filiação ao PL, essa trajetória se confirma. Mas o que isso representa, de fato, para o cenário político local? Primeiro, levanta-se uma questão importante: como o MDB estadual vai reagir à ida de Pacelli para o partido símbolo do bolsonarismo? O prefeito deixou o partido comandado no estado por Walter Alves, atual vice-governador, mas que também mantém presença política em São Paulo do Potengi. Será que Walter aceitará passivamente ver o MDB da cidade sendo engolido pelo PL?

Outro ponto que gera reflexão é o papel do PT municipal dentro dessa equação. O partido faz parte da base política da atual gestão de Pacelli e, mesmo sem contar com o apoio direto do prefeito à governadora Fátima, vem ocupando espaços na administração. Agora, com o prefeito de mala e cuia no PL – partido que faz oposição ferrenha à governadora – como ficam os petistas locais? Vão continuar compondo um governo que caminha na direção oposta ao projeto político de Fátima Bezerra?

Pacelli ensaia há dois anos essa virada e agora entra de vez no jogo sucessório estadual, ao lado das forças bolsonaristas. A pergunta que fica é: essa nova configuração manterá a coesão política dentro da sua base? E, principalmente, como os aliados de Walter Alves e Fátima Bezerra irão reagir à guinada que se consolida no comando da prefeitura?

O futuro político de São Paulo do Potengi promete ser agitado. E os bastidores já estão em ebulição.

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