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O ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, começou bem o ano eleitoral. Visitou o interior, conversou com lideranças políticas e foi cortejado pela oposição e pelo governo. Nesse movimento pendular, o filho de Agnelo perdeu o crédito na oposição e caiu nos braços do governo, por quem foi derrotado e de quem falou muito mal nos últimos anos.
Apesar de tudo, Carlos Eduardo caminhava bem. Conseguiu convencer a governadora Fátima Bezerra que seria o fantasma a assustar sua reeleição, fazendo com que a irmã de Tetê fechasse os olhos para sua própria legenda, impulsionada pelo medo que só ela e seu chefe da Casa Civil, Raimundo Alves, conseguiam enxergar na ‘fortaleza’ político/eleitoral que Carlos Eduardo havia se transformado, a ponto de praticamente fechar uma aliança com alguém que lideranças do próprio partido visualizam como traidor do passado e sem futuro, para o futuro.
Pois bem.
Bastou uma entrevista para Carlos Eduardo se revelar como sempre foi. Na 98 FM, o filho insensato do habilidoso Agnelo ameaçou tomar o mandato de vereadores que ousassem mudar de partido. Vociferou inclusive que os parlamentares iriam lhe acompanhar no voto casado, mesmo que essa não fosse a vontade deles.
Carlos Eduardo poderia ter ficado calado. Estava tão perto de Fátima fazer o PT engolir uma aliança indigesta, tomar a cadeira de Jean Paul e mudar o discurso… muito perto. Mas…
Porém, já nos ensinava o velho Isaac, o Newton, na terceira edição de sua famosa lei, que “a toda ação corresponde a uma reação de igual intensidade, mas que atua no sentido oposto.”
Ao ameaçar o vereador Paulinho Freire e seus colegas, Carlos Eduardo esqueceu que a lei de Newton, não o Navarro, da Ponte de Wilma, mas o físico/cientista/matemático inglês, ensinou para a eternidade, que a força de uma ameaça produz reação de intensidade ainda maior, pois virá de forma concreta com força suficiente para ser superior à original em efeito contrário.
De uma vez só, Carlos Eduardo mexeu com as três leis de Newton. Atuou na lei da inércia, forçando Paulinho a se movimentar; na terceira, da ação e reação e até na segunda, que trata da força de aceleração. Falou num dia, no outro o processo acordou.
Quem quer Carlos Eduardo inelegível? Quase toda a classe política.
Fátima e o PT, que se livrariam de uma aliança forçada pelas circunstâncias e poderiam ter um candidato puro sangue para um mandato de oito anos;
Álvaro Dias, que não teria mais a ‘assombração’ permanente como líder em Natal;
Paulinho Freire, que se livraria de um adversário na disputa pela Prefeitura de Natal em 2024;
Walter Alves, que, com a saída do primo, poderia voltar ao jogo na condição de vice de Fátima;
Boa parte da Câmara, que sempre foi humilhada e desprezada pelo ex-prefeito;
Ou seja: Não é fácil a situação de Carlos Eduardo.
Principalmente, se levarmos em consideração que, se o parecer do TCE for pela reprovação das contas, será necessário ter dois terços da Câmara para reverter o parecer do órgão fiscalizador. Sem contar com o desgaste de votar contra um parecer de uma instituição técnica.
Portanto, o Carnaval de Carlos Eduardo começou pela ressaca da quarta-feira de cinzas; cinza é o que ele pode ter transformado seu futuro político pela arrogância e falta de habilidade.
Nunca a Câmara de Natal foi tão importante na sucessão estadual. Será no Palácio com nome de Padre que Carlos Eduardo vai pagar seus pecados velhos, novos e até os que ainda não cometeu.
O jogo, que já se imaginava jogado, ainda nem começou. Quem era titular com jeito de artilheiro, pode nem ficar no banco de reserva; quem estava pelo departamento médico político, pode ficar zerado, entrar e dar a vitória ao time que não havia lhe dado a camisa que lhe era de direito.
Carlos Eduardo inelegível. Muda quase tudo no cenário político potiguar.
Tem que ver isso aí.
Blog Túlio Lemos