Editorial: o sonho do Polo Industrial em São Paulo do Potengi e os R$ 650 mil de emendas destinadas

O Distrito Empresarial de São Paulo do Potengi nasceu, oficialmente, em 5 de outubro de 2022, quando o prefeito sancionou a lei que instituiu a área destinada a receber 45 empresas distribuídas em duas quadras comerciais, além de uma quadra exclusiva para implantação de indústria. À época, a gestão apresentou o projeto como um marco do desenvolvimento local – algo planejado desde o início do primeiro mandato (2021–2024) e sustentado por emendas parlamentares importantes.
Segundo informações divulgadas pelo próprio gestor municipal, foram assegurados R$ 650 mil em recursos para estruturação do Polo, além de R$ 250 mil destinados pelo deputado Benes Leocádio, via Neilson, para construção de um galpão industrial, e outros R$ 400 mil encaminhados pela senadora Zenaide. São valores expressivos que alimentaram a expectativa de que São Paulo do Potengi daria um salto em sua política de atração de investimentos.


De lá para cá, as redes sociais da gestão exibiram diversas reuniões, anúncios e prévias de possíveis empresas interessadas em se instalar no Distrito Empresarial. O discurso oficial sempre apontou para um futuro de oportunidades, empregos e crescimento econômico.
Entretanto, o que se vê hoje, até a presente data, é um cenário que contrasta com a promessa inicial: nenhuma empresa foi instalada no Polo Industrial. Nenhuma estrutura empresarial levantada, nenhum galpão funcionando, nenhum emprego gerado. O sonho apresentado à população permanece no papel.
Do ponto de vista administrativo e jurídico, é natural que projetos de grande porte enfrentem obstáculos, exigindo prazos, planejamento, licitações e ajustes. Contudo, a ausência de resultados concretos, mesmo diante de recursos já destinados e de reiteradas comunicações públicas sobre futuros empreendimentos, abre espaço para questionamentos legítimos – não sobre a legalidade dos atos, mas sobre sua efetividade, transparência e gestão.
A população tem o direito de saber:
– Qual foi o destino dos valores anunciados?
– O que já foi executado, de fato, em termos de infraestrutura?
– Em que etapa o Distrito Empresarial se encontra hoje?
– As empresas apresentadas em postagens ainda têm interesse?
– Há novos prazos? Há novas expectativas?
Essas são perguntas que não acusam; apenas buscam clareza. E clareza é parte da boa administração pública.
O Polo Industrial poderia – e ainda pode – representar um divisor de águas no desenvolvimento econômico de São Paulo do Potengi. Mas não há como ignorar que a distância entre o sonho e a realidade, neste momento, é grande. A cidade apostou alto, acreditou nas promessas e acompanhou cada postagem, cada anúncio, cada expectativa criada.
O papel do jornalismo, especialmente em um editorial, não é punir, mas analisar, cobrar coerência e defender o interesse público. O Distrito Empresarial ainda pode sair do papel; recursos foram destinados, a lei está aprovada e o projeto continua juridicamente viável. Mas enquanto nenhuma empresa estiver instalada, o sonho permanece apenas isso: um sonho.
E São Paulo do Potengi merece mais do que expectativas. Merece respostas, planejamento claro e resultados concretos. Porque desenvolvimento não se faz apenas com anúncios – se faz com execução.
