
O setor da pesca no Rio Grande do Norte foi duramente impactado pelo chamado tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e já articula medidas para enfrentar a crise que se avizinha. A principal preocupação é com a exportação do atum potiguar — que tem nos Estados Unidos seu principal mercado comprador.
Na manhã desta quinta-feira (31), o presidente do Sindicato da Indústria de Pesca do Estado (Sindipesca RN), Arimar Filho, reuniu-se com outras lideranças do setor na sede da Federação das Indústrias do Estado (Fiern), em Natal. O objetivo do encontro foi discutir estratégias emergenciais para minimizar os prejuízos causados pelas novas tarifas e garantir a manutenção da atividade econômica e dos empregos.
Atualmente, cerca de 80% da produção de atum do estado é exportada para os EUA, movimentando mais de R$ 250 milhões por ano e garantindo mais de 2,5 mil empregos diretos. Com as novas barreiras comerciais impostas pelo governo norte-americano, a venda para o exterior pode se tornar inviável, levando a um colapso na cadeia produtiva.
Segundo Arimar Filho, as demandas mais urgentes da categoria incluem a isenção do ICMS sobre o combustível das embarcações até o fim do ano e a possibilidade de suspensão temporária de contratos de trabalho, sem prejuízo para os pescadores. A medida, segundo os empresários, é necessária diante da perspectiva de que muitos barcos sequer sejam enviados ao mar nas próximas semanas.
“Algumas embarcações já ficaram atracadas ontem mesmo, antes da entrada em vigor do tarifaço. Tem empresa que mandava seis barcos ao mar e agora está mandando dois”, relatou um empresário do setor à Jovem Pan News Natal, sob condição de anonimato. Ele também comentou o clima de insegurança entre os trabalhadores: “O semblante dos pescadores mudou. A maioria sustenta famílias e agora não sabe o que vai acontecer”.
Além da isenção fiscal, o setor também busca diálogo com a Procuradoria do Trabalho para tratar da formalização da suspensão de contratos e da oferta de cursos de qualificação profissional, através do SENAI, para os trabalhadores que forem temporariamente afastados.
Enquanto aguardam respostas do poder público, os empresários do setor intensificam contatos com o mercado interno. Restaurantes, supermercados e redes de varejo estão sendo procurados para tentar ampliar os canais de escoamento do pescado potiguar, que pode ficar encalhado nos estoques caso não encontre destino no mercado internacional.