Em audiência pública, na tarde desta segunda-feira (05), a Câmara Municipal de Natal, abriu espaço para o debate sobre a construção de uma trincheira entre as avenidas Hermes da Fonseca e Alexandrino de Alencar, obra proposta pela Prefeitura de Natal para desafogar o trânsito no local. A inciativa foi da Comissão de Transportes, Legislação Participativa e Assuntos Metropolitanos, por proposição do vereador Daniel Valença (PT).
O debate reuniu representantes de diversos segmentos interessados, como moradores e comerciantes da área, bem como ciclistas, para discutir a necessidade e eficiência da obra para o fim que se propõe, com a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU). Trincheiras são desníveis construídos no cruzamento de vias. O projeto prevê que os veículos vindos da avenida Alexandrino de Alencar passem por baixo da avenida Hermes da Fonseca. Segundo o Diário Oficial do Município, a construção, já licitada, está orçada em 24,2 milhões.
Na opinião do propositor da audiência pública, o espaço serviu para ampliar a discussão, especialmente, entre as pessoas que serão diretamente afetadas pela obra. “É uma obra caríssima que não resolverá a questão do trânsito, porque vai gerar gargalos”, opinou o vereador Daniel Valença (PT).
Moradores e comerciantes da região, bem como ciclistas se posicionaram contra a trincheira, alegando que os túneis causam impactos arquitetônicos, criando ambiente hostil ao comércio e à circulação de pessoas e bicicletas.
Para a representante das moradoras e moradores da região, a advogada Tatiana Mendes Cunha, “a obra é desnecessária”. “Podemos ter um breve momento de congestionamento, nos horários de pico, mas não justifica uma obra que vai provocar a deterioração da região, o que já aconteceu em várias outras partes de Natal, onde esse tipo de intervenção urbana foi feita”, argumentou. Mendes Cunha afirma que “esse tipo de obra não traz prejuízo apenas para o entorno dela, mas sim para toda vida econômica da cidade”. Segundo a advogada, a quantidade de carros e a população de Natal está caindo a cada ano, e o projeto das trincheiras ao longo da avenida Salgado Filho tem concepção de 10 anos atrás e “está ultrapassado”. “É boa pra carro, mas não é boa para as pessoas”, concluiu, no que foi ratificada pelos representante dos comerciantes da região, Sandro Pacheco, e do Movimento Natal sem trincheiras, Wilson Azevedo, bem como pelo presidente da Associação de Ciclistas do RN, Francisco Fabiano da Silva, que teme pela redução do espaço já exíguo para a circulação de bicicletas na região.
Já o secretário adjunto da STTU, Paulo Barra, defendeu que o projeto das trincheiras prepara a cidade para o futuro e foi debatido no espaço adequado: o Conselho Municipal de Mobilidade e Transporte.
Participaram da audiência pública as vereadoras Nina Souza (PDT), Julia Arruda (PCdoB) e Brisa Bracchi (PT) e o vereador Erilbaldo Medeiros (PSB), além da deputada federal Natália Bonavides (PT), que defenderam a ampliação do debate sobre a necessidade da obra e as consequências dela.
A discussão do assunto, segundo eles, deve envolver a população, as universidades e entidades como o Crea/RN. “Apelo à Prefeitura que recue, para estudar melhor esse projeto, até para se evitar imprevistos como os que estão atrasando a conclusão dos serviços na avenida Jerônimo Câmara, e causando grande transtorno à população”, disse a vereadora Nina. Já o vereador Hermes Câmara (PTB), líder do prefeito na casa, se colocou à disposição para intermediar o diálogo com a Prefeitura.
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