14 de fevereiro de 2023

Grupo de governadores, incluindo Fátima, se encontra com Lira e Pacheco e pede apoio para compensação por perdas de ICMS

Grupo de governadores durante encontro com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) – Foto: Twitter / Reprodução

Um grupo de governadores, incluindo a do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), se reuniu nesta terça-feira (14) com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para pedir apoio do Legislativo a medidas de compensação financeira aos estados.

Os governadores argumentam que, em 2022, houve perda na arrecadação em razão das mudanças feitas no ICMS – um imposto estadual – sobre combustíveis, energia elétrica e telecomunicações.

Após o encontro com os presidentes da Câmara e do Senado, o governador do Piauí, Rafael Fontelles (PT), disse que os governadores estimam o montante a ser compensado em R$ 45 bilhões.

“O prazo que estamos trabalhando é para março, logo após o Carnaval”, disse Fátima após as reuniões.

O valor e a viabilidade da medida são discutidas diretamente com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mas os mandatários também debatem a melhor forma de encaminhar a recomposição com o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal.

“A perda de receitas foi brutal em consequência da mudança na legislação do ICMS. Precisamos agora, nesse semestre, medidas para mitigar os impactos nos estados”, complementou a governadora potiguar.

Ao lado de Fontelles, a governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão (PP), afirmou que o objetivo do grupo é garantir a compensação sem que haja aumento de preços para o consumidor.

“A gente está procurando todos os poderes, governo federal, Supremo Tribunal Federal e os presidentes das duas Casas Legislativas para tentar celebrar esse acordo, num entendimento com todos os poderes sobre a compensação das perdas que os estados tiveram em razão das alterações [no ICMS] no ano passado”, declarou Fontelles ao final do encontro com Arthur Lira.

Perdas no RN

Desde agosto de 2022, quando começaram a valer as novas regras sobre ICMS, a arrecadação do Governo do Rio Grande do Norte vem apresentando perdas, que, em valores nominais, giraram em torno de R$ 74 milhões só em dezembro.

Até agora, a arrecadação frustrada dos três setores juntos (combustíveis, energia e telecomunicações) nos últimos cinco meses de 2022, período de vigência da Legislação Federal que rebaixou a alíquota do ICMS, chega a mais de R$ 340 milhões.

Em valores atualizados, o déficit é ainda maior e ultrapassa o patamar de R$ 360 milhões, considerando a inflação acumulada nos últimos 12 meses – 5,79% – medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) para indicar a inflação oficial no Brasil.

98 FM

Profissionais da enfermagem do RN fazem paralisação em cobrança do piso salarial

Os profissionais da enfermagem do Rio Grande do Norte fazem uma paralisação de 24h em todo o estado nesta terça-feira (14), em defesa da implementação imediata do Piso Nacional da Enfermagem. A medida foi definida na semana passada, após deliberação em assembleia unificada entre entidades representativas. Os servidores da saúde se concentraram por volta das 14h em frente ao Midway Mall, em ato de protesto.

Os servidores do município de Natal e do Estado cobram a efetivação da Lei nº 14.434/2022, que instituiu o piso salarial da categoria. De acordo os sindicatos, a ação representa um movimento que ocorre em todo o país.

“É hora da enfermagem, mais uma vez mostrar sua força e ir para às ruas exigir a implementação do seu Piso Salarial! Estamos cansados de esperar, é hora de agir. Contamos com a presença da imprensa local para registrar mais esse movimento histórico”, afirmou o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Saúde do Rio Grande do Norte (Sindsaúde-RN).

Com a paralisação, os setores de serviço atendem a Lei Geral de Greves e mantém 30% do efetivo em serviço. Os sindicatos informaram que entregaram ofícios previamente nos hospitais, nas secretarias de saúde e na governadoria a cerca da paralisação.

Tribuna do Norte

Prefeitura de Parnamirim começou a aterrar a ‘Lagoa Azul’ para evitar contaminação do lençol freático

Foto: Francielly Medeiros

A Prefeitura de Parnamirim, na Grande Natal, começou a aterrar a lagoa de água límpida que surgiu durante a escavação para construção de uma estação de tratamento de esgoto em janeiro deste ano.

O afloramento da água de cor azul turquesa viralizou na internet, virou um ponto turístico na cidade e ficou conhecido como Lagoa Azul.

Segundo o município, a decisão de aterrar a área foi tomada nesta terça-feira (14), após reuniões com especialistas, e visa evitar a contaminação do lençol freático com o uso indevido da água. O trabalho de aterramento começou ainda durante a manhã.

Embora o banho no local fosse proibido, muitas pessoas vinham desobedecendo a norma, o que causou proliferação de bactérias na água, que chegou a mudar de cor, do tom azul para o verde. Análises da Companhia de Águas e Esgotos do RN também encontraram coliformes fecais.

Apesar do aterramento, a prefeitura afirmou que mantém os planos anunciados na semana passada para a área. O município decidiu transferir a estação de tratamento de local e elaborar um projeto de área de lazer para o entorno do largo.

Segundo a prefeitura, a ideia é voltar a escavar a lagoa quando a área de lazer que será construída tiver um mirante e proteção para evitar o uso indevido da água.

Decisão

Em nota, a prefeitura informou que foram considerados os posicionamentos da Caern, Igarn, setor de Geologia da UFRN e Idema:

“De acordo com os órgãos com expertise para a análise da água e do solo, a decisão foi tomada levando em consideração que, depois da mudança de coloração, de azul para verde, e da análise em laboratório, a água apresentou considerável contaminação, o que coloca em risco a integridade do lençol freático.

Além da questão ambiental, a área é um canteiro de obras, portanto o acesso não é permitido, muito menos o banho na lâmina d’água. Mesmo com o isolamento da área e os constantes avisos, alguns curiosos ainda insistem em adentrar ao local, o que é considerado um risco“, diz a nota.

A prefeitura ainda considerou que o aterramento também vai garantir a integridade da Avenida João Paulo II, que margeia o local.

G1 RN

MPRN obtém condenação do vereador Bispo Francisco de Assis e dos ex-vereadores Dinarte Torres e Franklin Capistrano pelo desvio de mais de R$ 3 milhões da Câmara Municipal

Foto: Elpídio Junior

O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) obteve a condenação de dois ex-vereadores e um vereador de Natal, uma contadora e de empresários pelo desvio de verbas públicas da Câmara de Vereadores do Município. Os réus, denunciados pelo MPRN e condenados pela Justiça Estadual em três ações penais, valeram-se do mandato eletivo de vereador e praticaram diferentes crimes, como o de peculato e de falsificação de documento, além de associação criminosa.

Os desvios foram viabilizados pela emissão de cheques em branco, por assessor parlamentar, supostamente em benefício de empresas prestadoras de serviços e mercadorias (em geral, postos de combustíveis). Não havia a efetiva prestação dos serviços e/ou fornecimento de produtos e os cheques eram sistematicamente sacados por agente integrante do grupo criminoso, sempre uma pessoa diversa daquelas indicadas nas prestações de contas. Essa prática é caracterizada como peculato.

Já o crime de uso de documentos ideologicamente falsos ocorreu quando os agentes, para encobrir os crimes de peculato, utilizaram cópias de cheques, notas fiscais e recibos falsos. Essa documentação era apresentada junto à prestação de contas da Câmara dos Vereadores de Natal, com beneficiários diferentes dos que efetivamente realizaram os saques.

Os parlamentares tinham a posse desses valores em razão do cargo que ocupavam, por se tratar de verba indenizatória de gabinete, destinada ao custeio da atividade parlamentar. Assim, o MPRN demonstrou a autoria e a materialidade dos crimes, apresentando prova testemunhal e o magistrado julgou que a versão dos acusados não se sustentava.

A primeira ação penal tem como réus: o ex-vereador Dinarte Torres Cruz; a ex-assessora parlamentar, Liege Maria Gomes Cavalcanti Teixeira; a contadora Aurenísia Celestino Figueiredo Brandão; o advogado Cid Celestino Figueiredo Souza; e o empresário Sidney Rodrigues dos Santos. Cada um agindo a seu modo, desviaram em proveito próprio e alheio, ao longo de 2011, R$ 33.920 da Câmara de Vereadores de Natal.

A responsável por montar artificiosamente a prestação de contas com notas fiscais frias ou por meio de empresários cooptados era Aurenísia. A contadora também recrutou os denunciados, Cid, Maria Dalva de Oliveira e Sidney Rodrigues dos Santos, para fornecer essas notas fiscais frias.

O mesmo esquema foi operado no gabinete do então vereador Franklin Roosevelt de Farias Capistrano com as assessoras parlamentares, Maria Georgia Wanderley de Meneses e Janete Dias de Andrade, com o apoio de Aurenísia, Cid e Sidney.

Apenas neste processo vinculado a Franklin Roosevelt, foram constatados 190 desvios de recursos públicos em favor do grupo criminoso, perfazendo ao menos 177 cheques, que foram emitidos supostamente em favor de diversas empresas. Porém, na verdade, os saques foram feitos em sua maioria, pela própria ré Aurenísia.

Nesta segunda ação penal, o MPRN apontou que os danos perpetrados contra o patrimônio público municipal, pela empreitada criminosa, durante os anos de 2008 a 2011, totalizam a quantia atualizada de R$ 3.048.389,09.

Na terceira ação penal, o MPRN demonstrou os crimes praticados pelo vereador Francisco de Assis Valetim da Costa com os então assessores parlamentares Jane Diane Gomes da Silva e Judite Cristiane Solado Costa Vale, Milton Bezerra de Arruda e Marinalva de Sales, ex-assessores parlamentares municipais lotados no gabinete do mencionado parlamentar.

Juntos, desviaram em proveito próprio e alheio, ao longo de 2011, o montante de R$ 202.210,48 da Câmara de Vereadores de Natal. Novamente, com o apoio de Aurenísia, Cid, Maria Dalva e Sidney. A instrução processual revelou que, no total, foram realizados 47 desvios de recursos públicos em favor do grupo criminoso, através de pelo menos 47 cheques.

Penas pelos crimes de peculato, continuidade delitiva e uso de documentação falsa:

Primeira ação

Dinarte Torres Cruz e Liege Maria Gomes Cavalcanti Teixeira, receberam a condenação de 15 anos e 10 meses de reclusão, além de 134 dias-multa (fixada em um trigésimo de salário mínimo), inicialmente em regime fechado e ainda a perda de cargo, de função pública ou o mandato eletivo que eventualmente estejam ocupando;

Aurenísia Celestino Figueiredo Brandão, foi condenada a 12 anos e 6 meses de reclusão, além de 108 dias-multa, inicialmente em regime fechado;

Cid Celestino Figueiredo Sousa, foi condenado a 8 anos e 9 meses de reclusão, além de 75 dias-multa, inicialmente em regime fechado;

Sidney Rodrigues Dos Santos, por ter feito delação premiada, recebeu a sentença de 4 anos e 9 meses de reclusão, além de 38 dias-multa, inicialmente em regime semiaberto.

Para Dinarte, Liege, Aurenísia, Cid e Sidney, considerando os danos sofridos pelo Município de Natal, terão que devolver ao cofre público municipal o total atualizado de R$ 33.920 de forma solidária.

Segunda ação

Franklin Capistrano, recebeu pena de 19 anos e sete meses de reclusão, além de 720 dias-multa, inicialmente em regime fechado;

Janete Dias de Andrade, foi condenada a 21 anos e 4 meses de reclusão, além de 660 dias-multa, inicialmente em regime fechado;

Maria Georgia Wanderley de Meneses, recebeu a pena de 21 anos e 4 meses de

reclusão, além de 142 dias-multa, inicialmente em regime fechado;

Aurenísia Celestino Figueiredo Brandão, teve a sentença de 17 anos e 2 meses de reclusão, além de 627 dias-multa, inicialmente em regime fechado;

Cid Celestino Figueiredo Sousa, recebeu a condenação a 17 anos e 2 meses de reclusão, além de 170 dias-multa, em regime fechado inicialmente;

Sidney Rodrigues Dos Santos, foi sentenciado a 15 anos e 6 meses de reclusão, além de 63 dias-multa, inicialmente em regime fechado;

A condenação de Franklin, Maria Geórgia e Janete Dias ainda incluiu a perda de cargo, de função pública ou o mandato eletivo que eventualmente estejam ocupando.

Terceira ação

Francisco de Assis, recebeu a condenação de 21 anos e 4 meses de reclusão, além de 213 dias-multa, inicialmente em regime fechado;

Jane Diane Gomes da Silva, foi condenada a 21 anos e 4 meses de reclusão, além de 213 dias-multa; inicialmente em regime fechado;

Marinalva de Sales, foi sentenciada a 21 anos e 4 meses de reclusão, além de 213 dias-multa, inicialmente em regime fechado;

Milton Bezerra de Arruda, recebeu a condenação de 10 anos, 9 meses e 22 dias de reclusão, além de 73 dias-multa; inicialmente em regime fechado;

Aurenísia Celestino Figueiredo Brandão, recebeu a sentença de 15 anos e 5 meses de reclusão, além de 173 dias-multa, inicialmente em regime fechado;

Cid Celestino Figueiredo Sousa, foi condenado a 15 anos e 5 meses de reclusão, além de 173 dias-multa, inicialmente em regime fechado;

Sidney Rodrigues Dos Santos, teve condenação a 13 anos e 9 meses de reclusão, além de 156 dias-multa, inicialmente em regime fechado;

Francisco, Jane, Marinalva e Milton também receberam a sentença a perda de cargo, de função pública ou o mandato eletivo que eventualmente estejam ocupando.

Lagartixa volta atrás e diz que agiu com infantilidade com sgt Gonçalves: “ciúmes”

Lagartixa volta atrás e diz que agiu com infantilidade com sgt Gonçalves: “ciúmes” – Foto: Reprodução/94 FM

Após divulgar, em suas redes sociais, um vídeo de uma conversa com o sargento da Polícia Militar e deputado federal Gonçalves (PL) e anunciar o rompimento político com o aliado nas Eleições 2022, Wendel Lagartixa voltou atrás nesta segunda-feira (13) e, durante entrevista ao vivo à rádio 94 FM, disse que agiu com infantilidade com o militar. “Fui imaturo, fui inconsequente, fui estúpido e mau caráter quando joguei uma conversa [na internet], por que eu estava disposto a romper. Isso daí foi uma infantilidade minha, que foi consertada pois tirei os vídeos”, declarou o policial militar reformado.

Lagartixa se disse arrependido do que fez e disse que a relação dos dois era como uma relação de irmãos. “Eu chamei ele de ‘seu covarde, seu mau caráter, lalala’… dor de cotovelo, ciúmes, essas coisas que os irmãos têm. A gente briga e depois tá cheirando a b*nda um do outro”. Não foi o primeiro irmão ou amigo que eu briguei, não. Já briguei com muito amigo, inclusive de tapa. E no outro dia a gente tava cheirando o r*bo um do outro, que nem dois sem vergonhas”, disse em tom de brincadeira o entrevistado.

O PM reformado aproveitou a ocasião para pedir perdão ao amigo. “Sargento Gonçalves, eu não sei se o senhor está ouvindo, mas perdão mais uma ves. Te amo. Que o senhor possa representar o Rio Grande do Norte com essa veemência”. E ainda continuou dizendo que é “meio pirado mesmo”. “Muita gente diz: ‘esse cara é descontrolado, é doido’. Sou. Desde a campanha, todo mundo sabe que eu sou meio pirado mesmo”, se explicou.

Por fim, Lagartixa reafirmou o apoio ao deputado federal e disse que os dois continuam alinhados ideologicamente. “Eu quero que você, do Rio Grande do Norte, creia que eu e o sargento Gonçalves temos uma coisa em comum: um desejo incondicional de ver o estado avançar, crescer e proteger todo cidadão. Proteger em todos os sentidos, não só na segurança. Vamos fazer com que o RN se desenvolva em tudo”, finalizou.

Novo Notícias

“Lula faz afirmações como se estivesse em mesa de bar”, aponta Rogério Marinho

Foto: Julio Pinheiro.

O senador Rogério Marinho (PL) quer evitar o desmanche de avanços importantes realizados nos últimos anos. Para isso, o líder da oposição no Senado faz alerta para os demais parlamentares e sociedade sobre a postura que vem sendo adotada nos dois primeiros meses de gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista ao Sistema Tribuna, Rogério Marinho falou sobre a disputa pelo comando do Senado, papel da oposição e quais os principais temores dos oposicionistas.

Confira:

Como o senhor avalia a responsabilidade e o seu papel de protagonismo já neste primeiro mandato de senador?

Primeiro é uma responsabilidade e uma tarefa importante no momento em que o país está passando. Nós fomos procurados pelos nossos pares depois do processo de eleição da mesa do Senado e fomos indicados pelos 22 senadores que compõe o bloco da oposição – do Republicanos, Progressistas, o Novo e o Partido Liberal -, e já estamos montando a nossa estratégia e o nosso plano de trabalho terá que ser apresentado aos senadores que fazem parte desse bloco de oposição, na primeira semana após o Carnaval. A nossa ideia é contribuirmos pra que nós tenhamos um uma boa administração no país, porque nós temos que defender esse legado virtuoso do ponto de vista da economia e social, é impedir retrocessos e eu diria até evitar algumas incongruências que, certamente, caso sejam aprovadas vão impactar de forma muito negativa na sociedade brasileira.

Que retrocessos já ocorreram por determinação do presidente Lula ou aprovados no Congresso Nacional?

Eu diria que o governo que se instala do Lula tem sido pródigo em bater cabeças. É um governo confuso e me parece que claramente que falta um norte. O que um ministro diz pela manhã, um outro ministro se encarrega de desmentir à tarde. Esse padrão se repete inclusive com o presidente da República. Não sabemos muito bem qual é a direção real, mas se houver a repetição do padrão e como estiveram as administrações do PT, principalmente nos últimos anos do presidente Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff, é um padrão que nós vamos ter dificuldade. Nós temos o histórico de desastre econômico e social como consequência. Nós temos um país que, em 2016, último ano do governo do PT, e tivemos um prejuízo, por exemplo, nas nossas estatais que eram aparelhadas pelos apaniguados políticos em mais de R$ 30 bilhões por ano. Essa mudança começa a acontecer com a profissionalização da gestão das estatais, dos bancos públicos, a partir da lei das estatais que está em risco. Esse é um dos acenos negativos que esse governo faz.

O senhor acha que há ilegalidade nas indicações de Aloizio Mercadante para o BNDES e Jean Paul Prates para a Petrobras?

É evidente que (a Lei das Estatais) foi desrespeitada por um governo que acredita que pode tudo. Não estou falando nem no mérito das suas indicações se são ou não competentes, até porque no caso do Jean Paul, que é aqui do Rio Grande do Norte, para nós é até importante como norte-riograndense ter um presidente da Petrobras, porque é um cargo importante, mas nós não podemos acreditar que existem pessoas, indivíduos ou partidos acima da lei. Ninguém pode estar acima da lei, ela não vale só para um seguimento político.

Isso já foi questionado?

Já foi questionado por deputados, sociedade civil e, certamente, em breve, nós teremos um posicionamento no Judiciário e por parlamentares no Congresso Nacional.

Que outros pontos o senhor considera retrocessos e que podem impactar na economia?

Quando nós fazemos uma retrospectiva do que foi o governo do PT nos últimos anos e o que está acontecendo agora, estamos vendo um filme em que o padrão é absolutamente nítido, não deixa dúvida de que o atual governo pretende repetir. Por exemplo, a entrada do Mercadante no BNDES, o anúncio feito pelo presidente e pelo próprio Mercadante, é que vai voltar a emprestar recursos do trabalhador brasileiro, do cidadão brasileiro, a países que sequer pagaram os empréstimos que contraíram nos governos do PT. E o único e mais consistente argumento é de que esses países são amigos do Brasil, ou seja, vamos traduzir: são países que tem afinidade ideológica de esquerda com o governante de ocasião. Isso é muito ruim, porque está abrindo mão de um critério técnico e objetivo e aí eu pergunto ao cidadão que eventualmente vai ler a nossa entrevista. Você consegue um empréstimo no banco se estiver inadimplente com o pagamento desse empréstimo no banco? Nem com agiota se estiver negativado, por que é que o Lula vai usar o nosso dinheiro para ajudar aos seus amigos? Essa é uma sinalização muito ruim. Nós vimos o ministro da Previdência praticamente, no seu discurso de posse, afirmar que não há déficit na Previdência. Parece de um primarismo tão atroz, que ao mesmo tempo que espanta, o que nos deixa perplexos, mostra a qualidade dos ministros que estão assumindo o governo no Brasil. Alguém que tenha responsabilidade sobre o sistema previdenciário brasileiro, que tem 36 milhões de beneficiários, que teve a necessidade de fazer ao longo dos últimos anos uma série de ajustes, inclusive no governo do PT, para permitir que esse sistema não quebrasse. O envelhecimento da população é muito bom, dada a questão da melhoria das condições de saúde, de salubridade nas cidades, isso é positivo. Por outro lado, temos o financiamento dos sistemas previdenciários, que é um problema mundial. Aí ver assumir o presidente e o ministro afirmando que não existe problema. Em seguida vem o ministro do Trabalho dizer que entre as principais prioridades da sua pasta está acabar com a reforma trabalhista, com a lei da liberdade econômica e as especializações. E agora no campo trabalhista a questão dos aplicativos. Nós temos 4,5 milhões de pessoas no Brasil inteiro que vivem em função desse empreendedorismo e que precisam realmente de alguma segurança e regulamentação, mas não dessa maneira agressiva, eu diria, extremamente arbitrária, de quem afirma que não precisa do Uber, que ele pode sair.

E sobre a possibilidade de revisão dos marcos legais, como o senhor tem acompanhado?

O ministro dos Transportes, Renan Filho, afirma que vai rever os marcos legais. O Brasil tem ao longo de 170 anos de história, 30 mil quilômetros de ferrovias. O marco ferroviário aprovado em 2020, já nos proporcionou mais de 20 mil novos quilômetros de ferrovias contratados. Esse sucesso representa bilhões de reais de recursos privados que vão gerar emprego, renda e oportunidades. Parece que não está sendo visto pelo ministro Renan. A questão da privatização do Porto de Santos, a capitalização da Eletrobras. O presidente Lula faz afirmações como se ele estivesse sentado numa mesa de bar. Não está entendendo que ele é presidente da República e qualquer manifestação da sua parte impacta na segurança jurídica na perspectiva de quem vai investir no país, gera problema de toda sorte e, não se espantem, se começarmos a cair o ritmo da empregabilidade no Brasil. Nos últimos dois anos mais de 4 milhões de novos empregos foram gerados de forma positiva no Brasil. E hoje por essas afirmações do governo desencontradas, há um clima de apreensão em quem empresta recurso do Brasil e em quem investe no Brasil. Isso vai significar a manutenção do juros de longo prazo, o encarecimento do custo do dinheiro para investimento e, por via de consequência, a diminuição da empregabilidade e a volta da inflação. Então isso é um círculo vicioso e parece que Lula, depois de 17 anos como presidente ou como condutor do PT, não aprendeu ainda como é que funciona a economia na vida real. Não é com retórica, não é por decreto, é com atos receptivos. As ações que ele está empreendendo, eu acho que estão muito mais na linha de justificar o fracasso econômico do primeiro ano de governo, do que efetivamente se colocar de forma a administrar o país.

O que o senhor quis dizer quando acusou o PT de querer criar narrativa de “herança maldita”?

A taxa de desemprego no Brasil chegou a mais de 14% ao ano. No final de 2022 chegou a 8%. Nós temos superávit nas três esferas do governo, há nove anos isso não acontecia. O Brasil terminou o ano com a inflação menor do que a dos Estados Unidos e da Europa, há 40 anos não acontecia. O Brasil está crescendo mais do que a China, há 42 anos isso não acontecia. Nós geramos um saldo de mais de quatro milhões de novos empregos em dois anos, mesmo com guerra da Ucrânia e com pandemia. Então, olhar para essa herança e dizer que é herança maldita, parece uma forçação de barra e um processo de narrativas que é típico do PT, é a forma de como o PT assumiu em 2003, acusando Fernando Henrique Cardoso de ter feito um governo temerário. E essa narrativa se alimenta dessa luta diária das redes sociais e nessa forma deselegante como tem tratado, por exemplo, o presidente do Banco Central. Nas declarações que Lula e seus ministros têm dado no sentido de destruir todo esse marco regulatório, toda essa modernização das políticas macroeconômicas que ocorreram no Brasil nos últimos seis anos. Nós estamos preocupados, porque em apenas 30 dias, há um claro desmonte de um processo que durou mais de seis anos, foi discutido e extremamente conversado e exposto a toda sociedade e de repente, em 30 dias, faz voltar ao marco temporal de 2014/2015, que nós todos sabemos o que aconteceu, o aparelhamento do estado, eleição dos campeões nacionais que foram privilegiados por empréstimos, entrega dos nossos capitais e dos bancos oficiais para políticos. Sabe-se qual foi o resultado: intervenção estatal na economia para beneficiar este ou aquele segmento em relação aos demais, ocasionando desequilíbrio na economia. Sabemos o que aconteceu, está voltando tudo de novo.

Na disputa pela presidência do Senado Federal, algum senador do Estado se comprometeu com o senhor na votação e não cumpriu?

Não. Eu tive a oportunidade de conversar, praticamente, com todo colegiado. Eu só não pedi voto ao Rodrigo Pacheco, até por respeito a ao fato dele ser candidato abertamente, mas conversei possivelmente com 90% dos senadores. E a todos eu tive a oportunidade de expor a minha preocupação com a imagem do Congresso Nacional e em especial o Senado da República. Eu não cheguei no Senado com a pretensão de ser candidato a presidente, estou chegando agora, evidente que eu preciso ter a humildade e a compreensão que aquela é uma casa complexa, é uma casa que tem todas as suas especificidades, que quem está lá há mais tempo tem uma vantagem por conhecer o funcionamento da máquina e da instituição, mas as circunstâncias é que me fizeram candidato a presidente e uma observação simples da imagem do Senado da República pode ser constatada pelo resultado eleitoral. Vinte e sete senadores buscaram recondução, cinco voltaram. Talvez seja a menor taxa de renovação de mandato da história da República. A Comissão de Constituição e Justiça no ano passado, eu disse isso no nosso discurso e falei também com os senadores, realizou seis reuniões no ano contra 61 na Câmara dos Deputados. A CCJ foi capturada por interesses pessoais e não interesses da sociedade brasileira. A hipertrofia do Poder Judiciário diante do Poder Legislativo é evidente, não precisa fazer uma discussão a respeito desse tema, há omissão clara da Mesa Diretora, poder não admite vácuo para ocupá-lo. Então, o que dissemos aos nossos pares, “olha, não pretendo fazer uma política de enfrentamento a ninguém, quero que a casa seja de fato a casa do diálogo institucional”. Defendi o tempo todo o equilíbrio do processo democrático, o reequilíbrio dos três pilares da República, e que cada músculo deles voltasse a fazer a sua atividade originária específica. Cabe ao parlamento fiscalizar o Executivo, cabe ao Executivo executar a sua ação, o seu programa, os seus ideais que defendeu em praça pública e cabe ao Judiciário dirimir os eventuais conflitos que a sociedade apresenta. Então foi isso que eu preguei. O resultado da eleição é evidente. Não somos ingênuos. Não refletiu apenas a vontade dos senhores parlamentares. Há todo um processo que faz parte da regra do jogo, não estou aqui com choro de perdedor.

Quem influenciou o resultado da eleição para presidente do Senado?

Toda uma conjuntura que eu diria de interferência da sociedade. Vários senadores foram procurados através das suas redes sociais por eleitores, que de uma forma absolutamente tranquila procuraram seus parlamentares para que votassem em A ou B, natural. O Executivo sempre participou dos processos de discussão no Legislativo, isso não é novidade, esse ano por exemplo, nós tivemos seguramente em torno de oito a dez ministros, que eram senadores e estavam licenciados e já foram senadores da legislatura passada, que estavam dentro do plenário no dia da eleição, conversando com seus pares. Nós achávamos que ganharíamos a eleição, que teríamos sucesso, mas não tivemos. Eu vou ficar no lugar em que as eleições me colocaram, na oposição, mas eu não sou oposição nem ao país e nem à Casa.

Muitos senadores foram eleitos pela oposição e a gente tem visto uma migração significativa para o governo. Lula disse que aprovar projeto está cada vez mais caro. Queria uma avaliação sobre essa situação.

Não é o meu caso. Eu estou claramente na posição. Se o presidente Lula tem essa percepção deve ser pelos interlocutores que ele tem, porque não sou eu. Eu tenho histórico no Estado de mais de 30 anos. Eu sempre fiquei no lugar em que os eleitores me colocaram, eu nunca aderi a nenhum governo, pelo contrário, eu saí de governo. Meu histórico está na contramão, mas a minha posição é essa muito claramente. Agora eu não tenho procuração e nem tenho pretensão de julgar meus pares ou as pessoas que fazem política pelo Brasil.

Como líder, que avaliação o senhor faz da união da oposição?

Eu acredito que a oposição no Senado vai fazer o seu papel de uma forma muito consistente. Porque apesar de sermos 23 senadores, nós temos o PSDB que tem três senadores e que não aderiram ao governo. Nós temos o Podemos que tem quatro senadores que também não aderiram. Têm uma postura independente, já seriam 30 e existem senadores tanto no União Brasil como no MDB, como no PSD, que apesar de estarem nessas agremiações, têm uma postura mais convergente com as nossas pautas. Existem senadores que mesmo estando afinados com o governo, em determinadas pautas vão convergir numa postura de oposição. Se o governo propuser e retroagir a questão do Banco Central, eu não tenho dúvida de que não terá condições de passar dentro do Senado. Essa questão do voto de qualidade do COAF, acho muito pouco provável que consigam passar. Algumas pautas que dizem respeito a costumes como abortos eu não vejo nenhuma facilidade, então vamos aguardar a posição do Governo Federal, quem é governo tem a iniciativa de mandar projetos de leis para a Casa Legislativa. Em relação ao senador Styvenson Valentim, eu acredito, o voto é secreto, não tenho porque duvidar de que ele votou em mim. O fato de ele ter ido para a Mesa Diretora é uma questão de pluralidade, inclusive acho que não foi contemplada na sua integralidade. O Podemos participar da mesa diretora é absolutamente normal, como seria normal o PL através de sua bancada, assim como o Republicanos e o Progressista, é uma questão que a ocorre pós embate eleitoral.

Por Tribuna do Norte.

Especialistas propõem aterrar “Lagoa Azul” de Parnamirim

Foto: Magnus Nascimento

A “Lagoa Azul” que se formou durante uma obra de esgotamento em Parnamirim, na Grande Natal, voltou ao centro das discussões. Primeiro porque sua coloração, inicialmente azul-turquesa que ficou verde-lodo por contaminação, voltou a ficar azulada no fim de semana quando, mesmo proibido, populares voltaram a tomar banho no local.

Segundo, porque nesta segunda-feira (13) um debate na Câmara Municipal da cidade discutiu encaminhamentos e perspectivas para aquele espaço. Durante o debate, professores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) defenderam o aterramento do buraco onde a lagoa surgiu.

Segundo os professores, aterrar a lagoa não significa descartar a idéia de fazer de lá um espaço turístico. A sugestão é fechar o buraco de forma temporária para evitar o uso descontrolado por parte dos moradores de Parnamirim. De acordo com os professores, uma vez aterrado, o local poderia ser escavado posteriormente sem problemas.

“É melhor que aquele espaço não fique aberto. Estamos vendo, em pouco tempo, que não estamos conseguindo tomar de conta dele. As pessoas estão tomando banho e a contaminação está acontecendo, mesmo com os cuidados. É de praxe que nessas aberturas onde água aflora se evite manter abertas”, explica o professor do Departamento de Geologia da UFRN, Ricardo Amaral, sugerindo que a própria areia do local serviria para aterrar.

Essa linha de pensamento também é defendida pelo professor Fagner França, do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da UFRN que relembra a capacidade da engenharia civil solucionar problemas e situações. “O que eu percebo é um aquífero que não estava, mas foi exposto por um processo de escavação. Pelo meu entendimento, de uma obra desse tipo, feita a escavação, executa-se a obra e se faz o reaterro”, disse ele. “Caso seja decidido manter aberto, que se tenha uma ampla proteção”, completa.

Tribuna do Norte