Apesar de ocupar o quarto lugar em doações de órgãos entre os estados da região Nordeste, o número de pessoas que aguardam transplante no Rio Grande do Norte se aproxima de 1000. Ao todo, o Estado potiguar tem 541 pessoas à espera por córneas, 309 para rins, 20 para medula óssea e duas pessoas para coração. Segundo a Secretaria de Saúde Pública (Sesap), para que mais pessoas consigam ter a chance de uma doação, é fundamental que cada cidadão com desejo de ser doador comunique aos familiares.
Rogéria Medeiros, coordenadora da Central Estadual de Transplantes do Rio Grande do Norte, esclarece que o andamento da fila depende diretamente da doação que, por sua vez, exige a autorização dos familiares. Esse ato, reforça, impacta não apenas a nível local, mas também a nível Brasil, dado que os órgãos podem ser enviados para outros estados com apoio da Força Aérea Brasileira (FAB).
Segundo dados da Sesap, apenas em 2022 foram realizados, no Estado, 133 transplantes de córneas, 160 de medula óssea, dois de coração e 36 doações de múltiplos órgãos. Ao todo, 116 famílias foram entrevistadas sobre a aceitação da doação de órgãos de seus parentes. Apesar dos números, o Rio Grande do Norte segue precisando de mais doadores.
Para se voluntariar basta que cada pessoa expresse o desejo em vida aos seus familiares, não sendo necessário nenhum documento oficial. As famílias de possíveis doadores são assistidas por três equipes: a encarregada de realizar o diagnóstico de morte encefálica, a equipe de captação e a de transplante, garantindo assim a imparcialidade dos procedimentos.
“Quando acontece algum trauma, algum motivo que leve à morte encefálica do paciente, a equipe especializada do hospital vai procurar e conversar com a família sobre a possibilidade da doação de órgãos. Isso acontece quando o paciente já tem o diagnóstico médico de morte encefálica”, complementa. A partir disso, a equipe entrevista a família sobre o desejo e a permissão de doar os órgãos do familiar. Na sequência, a família assina um documento para formalizar a autorização da doação.
Após 6 horas do diagnóstico médico de morte encefálica, outro médico avalia o paciente para confirmação da ocorrência. Depois desse procedimento, é realizado um exame confirmatório, por meio de eletroencefalograma ou doppler transcraniano, para confirmar a inexistência de atividade cerebral e fechar o protocolo de morte encefálica. Em seguida, é realizada uma entrevista com a família, para comunicar o diagnóstico e saber se é possível fazer a doação.
Logo após essas etapas, uma equipe captadora, composta por cirurgiões, irá avaliar o paciente e proceder com a captação dos órgãos. Esses órgãos são encaminhados para o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), no qual são inseridos numa lista e no ranking para saber quem receberá os órgãos doados.
O Rio Grande do Norte faz captação de órgãos por meio do Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM), em Mossoró, e do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG), em Natal. Também já foi realizada captação no Hospital Regional Telecila Freitas Fontes, em Caicó, em 2021. As ações são organizadas pela Central de Transplantes do RN e todas as captações são custeadas pelo Sistema único de Saúde (SUS).
Com informações de Tribuna do Norte