Apesar dos obstáculos impostos pela pandemia, que se somou às dificuldades já conhecidas pelo setor, a produção literária no Rio Grande do Norte resiste e avança sobre novos gêneros, pelas mãos de autores veteranos e estreantes.
Segundo Abimael Silva, à frente da Sebo Vermelho, a editora viabilizou 30 títulos em 2021, incluindo reedições de livros históricos, como “Indícios de uma Civilização Antiquíssima”, de José de Azevedo Dantas, de 1994, e “A Revolução de 1930 no Rio Grande do Norte”, publicado originariamente pela historiadora Marlene da Silva Mariz em 1992.
Como conta Abimael, “trata-se de um trabalho pioneiro, considerado essencial para entender nuances da história política potiguar da primeira metade do século XX”.
A Escribas, outra editora local, chegou a lançar 25 livros no ano passado. Mesmo assim, como confirmado pelo também escritor Carlos Fialho, que responde pela sua gestão, o selo está às vésperas de encerrar as atividades de forma definitiva.
“O que aconteceu com a nossa editora foi o que vem acontecendo com a cultura no Brasil, um processo de desmonte, sentido por todos nós de modo gradativo”, explica ele.
Fialho diz que, no contexto da pandemia, a Lei Aldir Blanc foi “primordial” para viabilizar publicações. Foram 13 livros lançados ou reimpressos com recursos da legislação, propostos pela editora ou pelos próprios autores. Um deles, inclusive, “Não peça nudes, papai”, reúne crônicas inéditas assinadas por ele.
Dentre os lançamentos da Escribas em 2021, está “Coisa fraca no sal não prospera”, livro de estreia do jornalista Octávio Santiago, que já está na sua segunda tiragem. O romance, uma prosa escrita com métrica, como define o autor, trata de “teimas políticas e sociais da nossa terra”.
“É história de verdade e de mentira, a partir de causos que me contaram. Ou que vi acontecer. Outras tratei apenas de inventar”, detalha ele. A obra, inclusive, acaba de chegar às livrarias da capital.
Outra novidade recente para a literatura do RN foi a tradução de “Maldito Sertão”, publicado por Márcio Benjamim em 2012, para o inglês, sob o título de “Cursed Badlands”, fruto da sua contratação pela DarkSide Books.
Os contos de terror de Benjamim podem agora virar uma série, depois de representantes de um aplicativo de streaming demonstrarem interesse na adaptação.
“Estou certo de que tudo isso vai contribuir para atrair olhares do mundo para a nossa cultura e chamar a atenção dos conterrâneos, já que muitas vezes o interesse é despertado aqui quando algo se destaca lá fora”, acredita Benjamim, um dos protagonistas da produção literária contemporânea norte-rio-grandense.
Com informações do G1 RN