Dados do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS) mostram que a média diária de casos positivos de covid caiu 62,6% entre janeiro e fevereiro. Em janeiro, foram registrados 84,1 mil casos de covid, o que corresponde a uma média de 2.714 diagnósticos por dia, com uma letalidade de 0,22%. Em fevereiro, até esta segunda (14), foram contabilizados 14,2 mil casos da doença, o que representa uma média diária de 1.015 diagnósticos positivos.
Com recorde de casos e menor taxa de letalidade desde o início da pandemia de covid-19, a variante ômicron do coronavírus pode ter atingido o pico no mês de janeiro de 2022 no Rio Grande do Norte, segundo analisam especialistas ouvidos pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE. Até janeiro de 2022, o mês com o maior número de infecções era maio de 2021, com 46,6 mil casos. O aumento de casos acontece dentro de uma nova fase da pandemia que os profissionais chamam de terceira onda – período entre dezembro do ano passado e fevereiro deste ano. A alta, no entanto, não se refletiu no aumento dos índices de mortes e hospitalizações, a exemplo do que aconteceu nas duas primeiras ondas da crise sanitária.
Apesar de ainda inspirar cuidados, a onda da ômicron vem perdendo força no RN, de acordo com a médica infectologista Marise Reis de Freitas. “O próprio boletim da Fiocruz já sinaliza que sim, a ômicron está começando a arrefecer. O número de casos novos começa a cair, a última semana já entregou isso, a pressão por hospitalização e a solicitação por novos leitos também já deu uma reduzida também. Isso era o esperado mesmo, baseado na curva dessa epidemia da ômicron em outros países, a expectativa era de que ia acontecer isso mesmo”, comenta.
Nos primeiros 14 dias de fevereiro, o Estado totaliza 114 óbitos pela doença. O dado equivale a uma letalidade parcial de 0,80%, a terceira menor de toda a pandemia, atrás de janeiro de 2022 (0,22%) e novembro de 2020 (0,59%). Mesmo com um cenário menos desfavorável, o professor do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da UFRN, Josélio Araújo, alerta para a imprevisibilidade da doença e reforça a necessidade de manutenção dos cuidados para o controle do contágio.
“Os indicadores epidemiológicos mostram que houve uma desaceleração, mas precisamos ter bastante cuidado, cautela, para acompanhar esses dados porque essa é uma doença que tem causado muitas surpresas”, diz o pesquisador. “Nós tivemos o maior pico da covid em janeiro e apesar do número de casos, nós tivemos, proporcionalmente, menos óbitos e internações. Isso mostra a força da vacina e algumas características do próprio vírus. Apesar de ser uma nova variante com mais mutações, o que se observou foi que a ômicron, apesar de mais transmissível, apresenta uma patogenicidade diferente”, complementa Araújo.
O número de solicitações por leitos críticos direcionados a pacientes com covid-19 no Rio Grande do Norte também apresentou queda de 46,4% nas últimas duas semanas. É o que aponta o portal Regula RN, que faz o acompanhamento em tempo real dos dados da pandemia no estado. A média vem caindo desde o dia 28 de janeiro. De acordo com os dados oficiais da Secretaria de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap), a média fechada até o domingo (13) era de 44 solicitações diárias por leitos de UTI, ante 82 até 28 de janeiro. No domingo, inclusive, foram 20 solicitações.
A queda nas solicitações se reflete na fila por leitos críticos. Enquanto ocorreram momentos no início de fevereiro em que havia mais pessoas aguardando na fila do que vagas em UTIs disponíveis, neste momento a situação é considerada tranquila porque não há filas por leito. Na manhã de ontem (14), o Rio Grande do Norte tinha 30 leitos de UTI vagos, enquanto dois pacientes aguardavam regulação. A ocupação total dos leitos críticos no Estado está em 68,9%.
O epidemiologista Ion de Andrade explica que a taxa de internamentos é outro fator importante que indica o arrefecimento da ômicron. “Tem havido um declínio, hoje eu vi os números e está resolvida a questão da fila. Tem menos pacientes em fila do que leitos disponíveis, portanto saímos dessa sobrecarga que impossibilitava que pacientes com covid fossem internados. É um cenário que não deixa de trazer alívio para nós, mas traz preocupação pela parte visível do iceberg, digamos assim”, pontua o médico.
Com informações da Tribuna do Norte