27 de março de 2019

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Rogério Marinho orientou Guedes a não ir à CCJ para “não dar munição” a críticas

A articulação política para adiar a presença do ministro da Economia, Paulo Guedes, na audiência pública na Comissão de Constituição sobre a reforma da Previdência começou na segunda-feira à noite, conduzida pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho. Segundo o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), Guedes se comprometeu a estar presente na sessão do colegiado da próxima quarta, dia 3.

A avaliação política foi de que a audiência, sem a definição do relator da reforma na CCJ, “serviria de palco” para a oposição e parlamentares insatisfeitos dos partidos da base aliada atacarem o ministro durante a sessão desta terça-feira, 26.

Além disso, o clima no Congresso continua azedo ainda como reflexo dos desdobramentos da crise com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente Jair Bolsonaro, o que alimentaria os ataques ao ministro.

Segundo apurou o Estado, Guedes foi aconselhado a não ir à comissão com o argumento de que não fazia sentido o presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), partido do presidente, ouvi-lo para escolher o relator.

Para interlocutores do ministro, a oposição e outras lideranças estão aproveitando o adiamento para “deixar crescer o tema”. Foi uma decisão para não expor a imagem do ministro, avaliou uma fonte da área econômica.

Senado
Guedes estará na quarta-feira em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) para falar sobre a dívida dos Estados. Ele deve também ser questionado sobre pontos da reforma da Previdência pelos senadores. O ambiente no Senado, porém, deve ser menos hostil do que na Câmara. Com informações da Agência Estado

Artigo Ney Lopes: “Tempestades políticas ameaçam o Brasil”

Ney Lopes – jornalista, ex-deputado federal e advogado – [email protected]

Acentuam-se as contradições na politica brasileira, com tempestades frequentes no ar. Um dado demonstra essa realidade: desde a redemocratização do país em 1985, dos oito presidentes, dois com prisões decretadas e dois impeachment.

A nossa democracia é a grande vítima.

A última pesquisa do Instituto Latinobarometro mostra que o Brasil é o país com menor grau de convicção democrática em toda a América Latina, menor até que na Venezuela.

Dos 21 países latino-americanos analisados no estudo, apenas cinco — Uruguai, Chile, Costa Rica, Jamaica e Argentina — são classificados como “democracias em consolidação”. Outros nove — Brasil, El Salvador, Panamá, Bolívia, República Dominicana, Colômbia, Peru, Paraguai e México — considerados “democracias imperfeitas”. Três são “democracias altamente imperfeitas” — Equador, Honduras e Guatemala. As “autocracias” se dividem em “moderadas” — Nicarágua e Haiti — e de linha-dura — Venezuela e Cuba.

Há resultados estatísticos alarmantes, em relação ao Brasil: o único país na região, em que a confiança no governo (refere-se à época de Temer) atingiu apenas 7%.

A confiança no Congresso, 12% dos brasileiros.

A mais chocante foi a confiança nos partidos políticos: apenas 6%. Maurice Duverger, em seu livro “Partidos Políticos” afirma que não há construção democrática, sem partidos sólidos e programáticos.

A eleição de 2018 realizou-se com base neste cenário caótico. O “Instituto Latinobarometro”, de alta credibilidade, em sua última medição revelou informações, que explicam a eleição de Jair Bolsonaro.

Ele usou o “discurso” de reconstrução das instituições, atingidas por verdadeiro desânimo social, diante da corrupção desenfreada, desemprego e violência. O caos acentuava-se pela falta de capacidade de solução desses problemas, por parte das elites dirigentes. As exceções eram a Igreja (73% de apoio) e as Forças Armadas (58%).

Neste cenário explica-se a convocação para o centro do poder das forças armadas, que se assemelham a um partido informal e os evangélicos, com o seu discurso ultraconservador.

Mesmo fazendo tal opção, o governo encontra obstáculos.

Os partidos, que seriam os interlocutores naturais no presidencialismo de coalizão, seguem desprestigiados, rotulados de corruptos, “salvo” o PSL. Ao mesmo tempo, a estratégia é propagar no “twitter”, que os “responsáveis” pelas “faíscas” seriam o judiciário, o Congresso Nacional e a mídia.

Sobra quem?

Apenas, o Presidente, “ainda no palanque”, exaltando a “nova política”, sem dizer claramente o que ela significa. Sem dúvida, quadro propício para uma “degringolada” da democracia.

Qual a leitura dessa conjuntura de tensões permanentes?

É a de que algo terá que ser feito, com urgência. O caminho será a reorganização do sistema político, antecedida de diálogo nacional, que busque facilitar a governabilidade democrática.

Mesmo trôpegos, os partidos serão a única via na proposição de pré-agenda, na qual conste prioridade às reformas inadiáveis (a começar pela previdência), agregando “consensos” e afastando “discordâncias”.

A tolerância, a paciência e o respeito recíproco à diversidade conduziriam a superação das diferenças naturais entre os partidos, sem vencidos ou vencedores. Quem não aceitar o diálogo assuma perante a opinião pública.

Um sonho? Talvez não. O Chile (“Concertación”) e Espanha (“Moncloa”) já foram exemplos bem sucedidos no passado. Por que o Brasil não poderá ser?

Nenhum partido se despersonalizaria. Ao contrário, unir-se-iam em torno de temas “do interesse público”.

No debate estariam presentes concepções de direita, esquerda, liberais, nacionalista, respeitada a diversidade de pensamento e o princípio de que as mudanças podem ser concretizadas, por etapas, sem choques ou traumas sociais.

Caso persista o clima de dúvidas, causando crises diárias, a incerteza se agravará pela confrontação entre os partidos e as posições ideológicas radicais, dificultando qualquer projeto de desenvolvimento.

Somente a criação de instância de discussão multipartidária tornaria viável a construção de acordos de governabilidade. Na democracia é assim.

Um fato é incontroverso: para alcançar resultados positivos, o governo terá que sentar-se à mesa, mudar o estilo, dizer para que veio e buscar o mínimo consenso político para governar.

Se continuar como está, pesadas tempestades continuarão a rondar o país e tudo poderá acontecer.

Infelizmente!

Foco de crises, comunicação do governo Bolsonaro passará por mudanças

Alvo frequente de críticas, a área de comunicação do governo Jair Bolsonaro será reformulada nos próximos dias. Responsável pelos contratos de publicidade do Executivo, o secretário de Comunicação, Floriano Barbosa , deixará o cargo. O mais bem cotado para substituí-lo é o empresário Fábio Wajngarten, cujo nome tende a ser confirmado pelo Palácio do Planalto ainda esta semana.

Os dois têm o comum o fato de serem próximos ao vereador Carlos Bolsonaro que, segundo interlocutores palacianos, é quem na prática dá as cartas no setor. A interferência do segundo filho mais velho do presidente é apontada como principal motivador de crises políticas, além de problemas na comunicação do governo. Caberia a ele, inclusive, aprovar a estratégia de publicidade da reforma da Previdência.

No início da noite desta terça-feira, Floriano Barbosa confirmou que comunicou sua saída ao presidente Bolsonaro. Em breve conversa com a reportagem, ele relatou que pediu para deixar o cargo por conta de “ataques” que sofreu, principalmente pelas redes sociais, sem entrar em detalhes sobre eles.

Ex-assessor parlamentar do deputado Eduardo Bolsonaro, Barbosa deverá, no entanto, ser realocado na Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), segundo interlocutores do Planalto. Por sua vez, Fábio Wajngarten, sócio da empresa de verificação de audiência Controle da Concorrência, já havia sido cotado para assumir a Secom ainda durante o governo de transição.

O empresário atuou para aproximar Bolsonaro da comunidade judaica e ofereceu jantares para apresentar o então candidato à elite paulista.

Filho de um médico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, o empresário teria atuado também para que Bolsonaro fosse transferido para o local, após ter levado uma facada durante ato de campanha em Juiz de Fora.

Durante os 23 dias de internação, Wajngarten tinha acesso livre ao quarto do então candidato e se aproximou de Carlos.

Outra mudança ocorrerá na Secretaria de Imprensa da Presidência (SIP). Responsável pelo relacionamento com os jornalistas, Alexandre Lara vai convidado para comandar a reestruturação da EBC, conglomerado estatual de televisão, rádio e agência de notícias. O novo secretário de Imprensa do Planalto ainda não foi anunciado. O nome do substituto está sendo avaliado pelo presidente Jair Bolsonaro.

O relacionamento do governo com a imprensa também é considerado difícil. Carlos Bolsonaro também interferia no trabalho da equipe do Palácio responsável por abastecer jornalistas com informações a sobre o Executivo. O filho do presidente se destacou durante a campanha eleitoral do pai por controlar seus perfis nas redes sociais, o que segue acontecendo até hoje.

O GLOBO

Governadora pede agilidade no plano nacional de recuperação fiscal

A agilidade do Governo Federal na execução de um programa emergencial de recuperação fiscal é fundamental para o enfrentamento da crise financeira dos Estados. Foi o que defendeu a governadora Fátima Bezerra, nesta terça-feira (26), durante sua participação em uma reunião extraordinária do Fórum dos Governadores, no Palácio Buriti, em Brasília (DF).

“Nossa expectativa era de que hoje o ministro da Economia, Paulo Guedes, apresentasse formalmente o plano emergencial de recuperação fiscal. O compromisso assumido pelo ministro foi de que nos próximos 30 dias o secretário de Política Econômica, Mansueto de Almeida, apresentará a proposta, que será enviada ainda ao Congresso Nacional”, disse a governadora durante o encontro realizado.

Além de medidas emergenciais para os estados, o texto da reforma da Previdência, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), a captação de recursos dos fundos constitucionais, o descontingenciamento e desburocratização dos recursos oriundos dos fundos nacionais da segurança pública e do sistema previdenciário e o pacto federativo também foram pautas debatidas na reunião extraordinária, que contou com a participação do ministro de Economia, Paulo Guedes e de todos governadores do Brasil. De acordo com a chefe do Executivo Estadual, a ideia é que, em conjunto, os governadores posicionem-se e cheguem ao consenso de medidas estruturantes para o desenvolvimento econômico e social dos estados.

Durante o encontro ela lembrou que os gestores do Nordeste já se posicionaram a respeito da reforma da Previdência, alegando que é preciso uma discussão mais ampla, transparente e democrática sobre a questão. “Não é possível concordar com a proposta que reduz em 60% o benefício da prestação continuada, o que prejudicará a população mais carente”, afirmou.

Coordenação do Fundeb

Responsável por coordenar o debate sobre o Fundeb no âmbito do Fórum, Fátima ficou responsável por formular e apresentar uma proposta que atenda as demandas dos governadores. “Na próxima reunião do Fórum, que será no dia 23 de abril, traremos uma proposta do novo Fundeb para apreciação junto aos governadores. Essa proposta vem sem prazo de validade e com ampliação da participação financeira da união junto aos estados e municípios”, adiantou a governadora. Ela afirmou que o diálogo para construção da proposta já está em andamento com representantes estaduais, do fórum nacional de educação, Conselho Nacional de Secretários de Educação (CONSED), União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME) e com o Congresso Nacional, tanto na Câmara Federal quanto no Senado.