A manhã do último domingo (21) foi de mobilização em Natal. Manifestantes ocuparam a avenida Roberto Freire, na Zona Sul da cidade, em protesto contra a PEC da Blindagem e o projeto de anistia a condenados por tentativa de golpe de Estado. O ato se somou a manifestações realizadas em mais de 30 cidades brasileiras.
A concentração começou por volta das 9h, nas proximidades do viaduto de Ponta Negra. Em caminhada, os participantes seguiram até a praia de Ponta Negra, levando faixas, cartazes e entoando palavras de ordem transmitidas por carro de som. Durante o trajeto, todas as faixas da avenida foram bloqueadas para o trânsito. O protesto foi encerrado ao meio-dia.
O movimento teve a adesão de partidos de esquerda, centrais sindicais, grupos estudantis e organizações populares. Para os organizadores, as propostas em discussão no Congresso reduzem a responsabilização de envolvidos em atos antidemocráticos e ampliam privilégios para parlamentares.
A PEC da Blindagem, aprovada pela Câmara na terça-feira (16), estabelece que deputados e senadores só possam ser presos em flagrante por crime inafiançável. Também amplia o foro privilegiado e condiciona a abertura de processos criminais contra parlamentares à autorização das Casas Legislativas. O texto contou com apoio de partidos de oposição, como o PL, e segue para análise no Senado, onde o relator, Alessandro Vieira (MDB-SE), já se declarou contrário.
Além da PEC, os manifestantes criticaram o Projeto de Lei da Anistia, que prevê a redução de penas para condenados por tentativa de golpe. A urgência para tramitação foi aprovada na quarta-feira (17), e o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) foi designado relator no dia seguinte.
As manifestações deste domingo também reuniram milhares de pessoas em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília e Fortaleza. Em alguns desses atos, artistas como Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Djavan, Daniela Mercury e Wagner Moura reforçaram os protestos com apresentações.
A mobilização nacional foi articulada por frentes políticas como Povo Sem Medo e Brasil Popular, ligadas a partidos de esquerda e a movimentos sociais. O objetivo, segundo os organizadores, foi pressionar o Congresso contra medidas que possam beneficiar acusados de envolvimento em ataques à democracia e restringir a atuação do Judiciário.