RN retoma transplantes de coração
O Rio Grande do Norte já está apto a realizar transplantes cardíacos após dez anos sem fazer esse tipo de procedimento cirúrgico. O Hospital Rio Grande foi habilitado pelo Ministério da Saúde para transplantar coração de algum doador para pacientes que estejam na fila nacional de espera do Ministério da Saúde.
O diretor-geral do Hospital Rio Grande, o médico Luiz Roberto Fonseca, informou que 70% dos 500 procedimentos cardíacos do estabelecimento hospitalar são de pacientes encaminhados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que “é criticado, subfinanciado, mas que salva vida, transforma e absolutamente equânime e igualitário, que garante acesso, é esse SUS que fazemos dentro do hospital, sem nenhum tipo de distinção à saúde complementar”.
Luiz Roberto Fonseca afirmou que “uma das frustrações que a gente sentia na equipe, eram daqueles pacientes cujas angioplastias, vascularizações e procedimentos hemodnâmicos, não resolviam por completo o seu problema, pacientes que careciam de transplantes e há quase dez anos o Estado não realiza um transplante cardíaco”.
Presidente da Associação Médica Brasileira no Rio Grande do Norte (AMB-RN) e membro da equipe de cirurgiões cardíacos do Hospital Rio Grande, Marcelo Matos Cascudo disse que “nós fazemos tratamento cirúrgico para todas as doenças do coração, desde criança recém-nascida até o adulto, desde as cirurgias mais simples a mais complexas”.
Marcelos Matos explicou que o Hospital Rio Grande “só não estava fazendo transplantes, porque precisava de um credenciamento específico do Ministério da Saúde, faz um ano que esse processo foi solicitado e agora foi aprovado pelo Ministério da Saúde”.
Para tanto, o Hospital Rio Grande realizou, ontem, o primeiro simpósio realizado por uma equipe de Pernambuco com grande experiência no Nordeste e no Brasil para uma troca de conhecimento com os médicos do Rio Grande do Norte. A equipe pernambucana é, justamente, a responsável por uma inspeção, que informada ao MS, vai permitir que o hospital natalense possa realiza transplantes cardíacos já a partir das próximas semanas.
“O transplante cardíaco é o tipo da cirurgia que não é programada, depende muito do doador, a partir do momento em que esse paciente nosso entrar na lista nacional, então o primeiro doador do Rio Grande do Norte que for compatível com ele, esse doador vai ter seu coração dirigido para o paciente”, explicou Matos Cascudo.
A equipe de médicos e enfermeiros que atuam em cirurgias cardíacas é, praticamente, a mesma que participou do primeiro transplante feito no extinto Hospital Médico-Cirúrgico (HMC), e depois na Promater, no total de dez transplantes cardíacos. Outra equipe no Hospital do Coração fez quatro transplantes, somando 14 transplantes cardíacos já feitos em Natal.
Segundo Matos, a interrupção de cirurgias de transplantes de coração em Natal “é fácil de explicar e ao mesmo tempo curioso, porque todo mundo pergunta porque foi interrompido o transplante cardíaco?”.
Matos disse que o transplantado cardíaco “tem de ser acompanhado pelo resto da vida dele, têm de fazer exames semestrais para ver se o coração está evoluindo e se está havendo rejeição ou não”, mas no caso do Rio Grande do Norte não se teve mais apoio do poder público: “Então, tudo recaiu nas costas dos médicos e a instituição hospitalar da época também não nos apoiou, a equipe médica ficou com essa responsabilidade de cuidar desses pacientes eternamente e com isso foi se interrompendo as cirurgias, porque não tinha uma instituição por trás”.
O Rio Grande já é o terceiro hospital no Brasil que faz transplante medula óssea e já solicitou credenciamento ao Ministério da Saúde para fazer transplantes de fígados. “A gente quer fazer do Rio Grande uma referência de transplantes de órgãos no Rio Grande do Norte”, finalizou Matos.
Com informações da Tribuna do Norte