8 de maio de 2019

Artigo Ney Lopes: “A hora do diálogo nacional: “todos” numa mesa”

Ney Lopes – jornalista, ex-deputado federal e advogado – [email protected] – blogdoneylopes.com.br

As democracias ocidentais atravessam grave crise. A representação popular está cada vez mais distante das aspirações sociais.

O Brasil não é exceção.

A eleição de boa parte do Congresso Nacional, por exemplo, resultou da “onda Bolsonaro”, traduzida na maciça rejeição popular ao PT e o discurso antiviolência do candidato. A consequência foram candidatos vitoriosos, sem experiência e vivencia política.

Neste cenário colocam-se os “partidos cartéis”, organizações artificiais, com métodos de gestão privada-familiar, nutridos pelo dinheiro público em abundância. A cada eleição aprova-se uma lei eleitoral, sempre pior do que a anterior.

A legislação é “fatiada” para atender as “reeleições”. O pior é que não se fala numa ampla reforma política, partidária e eleitoral, tão importante para a estabilidade nacional, quanto à da previdência.

Como a “dor ensina a gemer”, mesmo diante desse cenário de descrença, nunca é demais insistir na possibilidade de um “pacto político”, que começaria pelo governo convocar “todos” (inclusive a oposição) para sentarem-se à mesa, em torno dos interesses legítimos (e não manipulados) da Nação.

Em regime de urgência, uma pauta poderia identificar as “reformas mais urgentes”, em busca de consenso, começando pela mudança “possível” da previdência, gradual, que “divida sacrifícios” e reduza o déficit existente.

A prioridade seria definir a idade-limite para a aposentadoria, sem o que não se pode falar em reforma previdenciária. Caso a redução de gastos não seja suficiente, outros “ajustes econômicos” complementariam as mudanças.

Talvez, a convocação de uma “constituinte originária” se coloque, em médio prazo, como urgência nacional.

A Nação seria sensível ao diálogo suprapartidário. O que não adiantará, com certeza, é rotular como “pressões corporativas”, todos aqueles que “ponderem” alterações na proposta previdenciária do governo.

Esse discurso omite que a grande pressão atual nasce da maior corporação, que é o “mercado”, altamente unido e articulado. Nos últimos dias, percebe-se de parte do governo estratégia perigosa e de “mão única”, propagando o “pavor”, o “medo”, com anúncios de caos, de atraso no pagamento de salários e aposentadorias, de volta da inflação, como meio de cooptar o Congresso, “a ferro e a fogo”.

Tudo que for aprovado nesse clima, com sacrifícios “não divididos”, criará instabilidade social e trará consequências nefastas para o país. Ninguém duvide.

Fujimori, no Peru, em 1992 elegeu-se com esmagadora maioria e proclamou um governo de emergência e reconstrução do país, em nome do combate à corrupção e a guerrilha.

A exemplo do Brasil de hoje surgiram obstáculos políticos, parlamentares e judiciais contra as reformas essencialmente “pró-mercado”, por ele ardorosamente defendidas. Fujimori insistiu, aprovou o que queria e o país “afundou de vez”. Ele terminou fugindo para o Japão.

Macri, o “novo” na Argentina, forçou medidas extremas, unicamente “pró-mercado”. O resultado é que está mergulhado em crise. Dificilmente se reelege, com inflação astronômica, desemprego crescente e crise cambial inédita.

A exemplo de Moncloa (Espanha) e Consertacíon (Chile), ainda há tempo de buscar um pacto político no Brasil, que construa os pilares da união nacional, em torno de objetivos comuns.

A mera confrontação com o passado, como meio de manter-se no poder, não levará a nada. Aumentará as tensões.

Outra consequência do possível do “pacto político” seria despertar os partidos para melhor exercerem o papel de interlocutores da Nação, em momento de crise. A propósito, Maurice Duverger, Emérito Professor da Faculdade de Direito e Ciências Econômicas de Paris, ao visitar o Brasil, antes de morrer escreveu:

“O Brasil será uma grande potência no dia em que for uma grande democracia. E só será uma grande democracia no dia em que tiver partidos e um sistema partidário forte e estruturado”.

Para aqueles que qualificam como “sonho” o pacto político e a reforma previdenciária gradual, cito o exemplo de Annie Lööf, de apenas 35 anos, na Suécia.

Ela hoje é personagem decisiva na vida pública do país. De formação conservadora resolveu assumir posições “sociais” (chamadas de centro esquerda) e vem crescendo politicamente.

O lema de Annie Lööf é inspirador: “Nenhum (sonho) é impossível, algumas coisas só demoram um pouco mais”.

undefined – 2019-05-08 08:46:39

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MPF, PF e Receita investigam corrupção envolvendo eleições no RN

Uma atuação conjunta do Ministério Público Federal (MPF), da Polícia Federal e da Receita Federal resultou na deflagração, na manhã desta quarta-feira (8), da Operação Balcão, com a execução de sete mandados de busca e apreensão expedidos pela 2ª Vara da Justiça Federal em Natal (RN). Os mandados estão sendo cumpridos em Natal, Parnamirim e em Brasília. Houve autorização de imediato levantamento do sigilo dos autos após o cumprimento dos mandados.

Os crimes investigados são os de corrupção passiva (art. 317 do Código Penal), corrupção ativa (art. 333 do Código Penal), lavagem de ativos (art. 1º, Lei nº 9.613/98) e crime contra a ordem tributária (art. 1º e 2º da Lei nº 8.137/90). A apuração teve início em 2014, após a divulgação de um vídeo em redes sociais.

Eleições – O Tribunal Regional Eleitoral (TRE/RN) havia determinado a realização de eleições suplementares para os cargos de prefeito e vice-Prefeito do Município de Francisco Dantas, localizado a 400 quilômetros da capital potiguar. Uma chapa, apoiada pelo então prefeito cassado, Gilson Dias Gonçalves, teve seu registro indeferido judicialmente e as partes recorreram ao TRE/RN. Uma cautelar foi distribuída ao relator, o então juiz Carlo Virgílio Fernandes de Paiva, que concedeu liminar para suspender a diplomação da outra chapa.

Um dia antes do julgamento do recurso principal pelo Plenário do TRE, um parente do candidato a vice-prefeito na chapa cujo registro foi indeferido divulgou vídeo em que relata suposta compra da decisão judicial, com pagamento a integrantes do tribunal. Após a divulgação do vídeo, o processo foi retirado de pauta e o então relator, Carlo Virgílio, se declarou suspeito, afastando-se do caso. Ao final, o TRE/RN decidiu por manter a cassação do registro da chapa apoiada pelo prefeito cassado.

Investigações – Com o objetivo de apurar a veracidade da denúncia feita no vídeo, o MPF obteve judicialmente o afastamento do sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático dos envolvidos, bem como requisitou documentos, colheu diversos depoimentos e realizou diligência no TRE/RN para obtenção de arquivos em computador.

A movimentação financeira de Gilson Dias e familiares revelou a ocorrência de diversos saques de elevada quantia em espécie (mais de R$ 200 mil) poucos dias antes do julgamento no TRE/RN. Na caixa de e-mail de Carlo Virgílio foi encontrada minuta de voto que atendia aos interesses da chapa apoiada pelo prefeito cassado. Somado a isso, registros de ligações telefônicas indicaram a possível intermediação do então juiz do TRE/RN, Verlano Medeiros, nos fatos investigados.

Em depoimento prestado no MPF, Gilson Dias declarou que em reuniões realizadas no escritório do advogado Erick Pereira, este teria indicado que – para além dos honorários advocatícios licitamente contratados – o caso poderia ser resolvido no TRE mediante o pagamento de R$ 150 mil. Os encontros foram confirmados por registros de ligações telefônicas e identificação de localização, através da triangulação das antenas de telefonia utilizadas nas ligações.

À época, Verlano Medeiros era juiz do TRE/RN e advogava no mesmo escritório de Erick Pereira. Tanto Carlo Virgílio quanto Verlano Medeiros integravam o tribunal nas vagas destinadas aos juristas, profissionais que podem continuar advogando mesmo durante o período em que são magistrados na Justiça Eleitoral.

Indícios de lavagem de ativos – O afastamento do sigilo fiscal e bancário de todos os investigados demonstrou movimentação financeira incompatível com as rendas declaradas ao Fisco. Relatório da Receita Federal indicou que Carlo Virgílio, no final de maio de 2014 – dez dias após conceder a liminar sob suspeita – adquiriu à vista um veículo Amarok, por R$ 123 mil, tendo registrado o bem em seu nome. Uma semana depois, ele devolveu a nota fiscal do veículo e pediu a emissão de uma nova, em nome de empresa administrada por sua esposa.

Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou que Verlano Medeiros, por sua vez, recebeu, em 2015, dois depósitos em espécie, o primeiro de R$ 190 mil e o segundo de R$ 149,9 mil. Constaram como depositantes a irmã de Verlano e um padre da cidade de Natal. Ambos foram ouvidos pelo representante do MPF, o procurador da República Renan Paes Felix – que conduziu as investigações –, e negaram ter feito tais depósitos.

Outras repercussões – O afastamento do sigilo dos investigados permitiu também reunir indícios de atuação dissimulada em outras esferas governamentais, para obtenção de vantagens indevidas. A análise da caixa de e-mails de Erick Pereira revelou a utilização de uma técnica de arquivar informações sensíveis no rascunho do próprio e-mail, com a suposta finalidade de evitar o tráfego de tais informações pela internet.

No entanto, quando autorizada a quebra de sigilo do correio eletrônico do investigado, tais dados foram enviados pelo provedor. Informações contidas em tais rascunhos, descobertas em encontro fortuito, contradizem depoimento prestado por Erick Pereira no Inquérito 4.618/DF, que tramitou no Supremo Tribunal Federal, referente à colaboração premiada de Ricardo Saud, do Grupo JBS. Tais achados foram encaminhados à Procuradoria-Geral da República.