Carcará do Potengi: Presente na vitória, ausente no Poder
Numa cidade onde o silêncio dos bastidores grita mais alto do que os discursos no palanque, existe uma figura que não precisa de cargos para exercer poder. Ele não aparece em fotos oficiais, não discursa em eventos e não corta fitas em inaugurações. Mas está lá. Sempre esteve.
Dizem que em toda eleição ele é um dos primeiros a colocar a mão na massa. Acorda cedo, articula ali, ajeita acolá. Liga pra um, convida outro, arruma encontro na calçada ou numa sala qualquer. É ele quem segura a onda quando o barco começa a balançar. Quem enxerga o jogo antes das peças se moverem. Um estrategista nato, daqueles que sorri com o canto da boca quando tudo sai exatamente como ele planejou.
Mas eis que a gestão toma posse. Cem dias depois… nada. Nem um aceno. Nem um convite pra um cafezinho institucional. Os corredores do poder seguem cheios, mas ele continua do lado de fora. Observando. Esperando. Talvez matutando.
Quem o conhece sabe: ele não é de bater o pé. É de guardar. E esperar a próxima partida. Porque toda cidade tem seus fantasmas políticos. E esse… ah, esse nunca assombra à toa.
O Carcará sabe. Ele viu tudo. Mas, como sempre, só observa — lá do alto.