A Subcoordenadoria de Vigilância Epidemiológica (SUVIGE) da Secretaria de Estado da Saúde Pública (SESAP) concluiu, no mês de maio, a investigação dos 248 óbitos notificados em 2016 como sendo causados por arboviroses (dengue, zyka, chikungunya e febre amarela), doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti.
Dos 248 óbitos investigados, 196 foram confirmados como causados por arboviroses, e os demais foram descartados para esta causa. Em 2016, o vírus da chikungunya foi responsável por 65% dos óbitos por arboviroses (127), sendo a maioria dos casos em idosos com comorbidades. Outras 61 pessoas morreram em virtude da dengue (31%), e 4% foram óbitos causados pelo zyka vírus (8), sendo todas mortes fetais intrauterinas.
“É uma doença nova, e acreditava-se que era benigna, mas os dados mostram que além da proporção de óbitos, foram notificados sequelas graves”, explica o médico Clemente Neto, Coordenador da Comissão de Investigação e Encerramento de Óbitos por Arboviroses. A comissão é formada por técnicos sanitaristas e epidemiologistas da Vigilância Epidemiológica; Serviço de Verificação de Óbitos (SVO); Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM); Laboratório Central (Lacen); além de médicos infectologistas de hospitais e universidades e apoio do Laboratório de Referência Nacional Instituto Evandro Chagas (IEC), em Belém, no Pará.
O trabalho foi iniciado em fevereiro de 2017, e aconteceu de forma planejada e estruturada. Para o médico Clemente Neto, a conclusão dos estudos é uma vitória que deve ser comemorada. “Criamos uma metodologia própria, visitamos todas as Regionais de Saúde do estado, realizamos treinamentos, resgatamos e cruzamos dados; foi um trabalho criterioso que chegou a um resultado de grande importância para a saúde pública, é um marco para a melhoria na investigação dos óbitos por arboviroses”.
Uma das principais mudanças no processo de trabalho foi a criação de uma ferramenta online para cadastramento dos dados, chamada de Síntese de Investigação das Arboviroses que utiliza a plataforma do FormSUS (Ministério da Saúde) como base. Todo o sistema foi desenvolvido pela comissão. Para um óbito ser considerado encerrado e encaminhado para estatísticas do Ministério da Saúde ele passa por várias etapas de investigação, onde são reunidos dados como a declaração de óbito, exames laboratoriais, além de investigações no hospital e também, em alguns casos, no domicílio e serviços de saúde procurados pela pessoa para atendimento durante a doença que levou ao óbito.
“A SESAP desde 2006 vem realizando ações para Melhoria da Qualidade do Diagnóstico das Causas de Morte, contribuindo para construção de informações sobre o perfil da mortalidade no Rio Grande do Norte e seus determinantes, que servem de base para o planejamento das ações de assistência e prevenção”, explica a consultora do Ministério da Saúde, Antonieta Marinho.
A redução do percentual de óbitos com causas básicas consideradas pouco úteis em saúde pública, denominadas códigos garbage (CG) é um dos principais objetivos do Ministério da Saúde.
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